Essa é uma lembrança que eu e, garanto, uma multidão de pirajuienses carrega na memória: o vozeirão de Osires Neves lendo notícias, anunciando propagandas ou, simplesmente, falando a hora certa no rádio.
O seu timbre inigualável e inimitável é uma verdadeira herança da história da comunicação de Pirajuí. Era grave, com forte eco mas, ao mesmo tempo, carregava doçura e uma dicção perfeita para dar seriedade ao que estivesse sendo comunicado.
Como escreveu o saudoso radialista e redator, Piter Pereira, ele era o “Rei da Voz”. Ou, como o também inesquecível Marcelo Pavanato o definia: era o nosso “Cid Moreira”.
Nome de rua no Residencial Villa Verde, me desculpem, mas Osires Neves é um nome forte e relevante, que dever ser lembrado e ecoado sempre que possível, diante do seu enorme legado.
Apesar de ter outras profissões, vamos passar aqui por sua atuação, ainda jovem, no extinto Cine São Salvador, em sua fase mais gloriosa, sob a direção da Empresa Teatral Peduti, nos anos 1960. A equipe de profissionais marcou época e, até hoje, é lembrada com muito carinho por todos os conterrâneos.
Uma curiosidade que soube recentemente. Enquanto produzia os cartazes de filmes na porta do local, Neves percebeu um jovem curioso: Fauzi Cotait. Interessado pela arte das letras no papel e na parede, convidou-lhe para iniciar na profissão de letrista, cartazista e pintor. Nascia aí o talentoso Onça, que há 40 anos produz os muros e fachadas da cidade.
Osires Neves e o rádio
A partir de 1969, a trajetória profissional de Osires Neves passaria por uma revolução. Iniciou os trabalhos na então Rádio Pirajuí, à época no AM. A estrela do comunicador brilhou.
Por 30 anos, foi uma voz que narrou diversos acontecimentos da história da cidade, servindo como pano de fundo para diversas gerações.
Trabalhou ao lado dos titãs da comunicação local, alguns já falecidos e outros, até hoje, no ar, fazendo comunicação.
A partir do final dos anos 2000, começou a atuar em um projeto de grande ousadia. Em 2003, estava autorizada e pronta para iniciar os trabalhos a então primeira emissora de rádio FM da cidade: a Rádio Jornal FM Pirajuí.
O sonho de Osires tornava-se realidade.
Desde então, passou a dirigir o empreendimento ao lado de uma equipe que misturava jovens e tarimbados talentos do rádio local.
No alto da Avenida Dr. Luis Barbante, viu a emissora crescer e perpetuar a eterna marca de sua voz.
Com o passar dos anos, mesmo com a saúde debilitada, era figura presente e marcante na empresa, ofício que não fazia por trabalho, mas por amor. Um amor intenso e inexplicável pela comunicação.
Faleceu em julho de 2014. Deixou um grande buraco a uma infinidade de amigos. Era amado e admirado por muitos. Homem doce, com um coração gigantesco, maior que Pirajuí. Por vezes, tinha de receber bronca de seus filhos, senão era capaz de tirar a roupa do corpo para entregar a alguém mais necessitado.
Era muito mais que uma voz bonita, Osires Neves era uma alma linda.
Carlos Augusto Franco ( Carlinhos Franco)
30/06/2022 — 21:52
Meu amigo de sempre. Um vencedor. Lutou com gigantes e conseguiu sua Rádio FM. Tive a honra de trabalhar nos idos de 1969 na rádio com a voz de ouro da rádio Pirajui. Um grande talento. Quantas estórias vivenciamos juntamente com o saudoso Toninho, Joãozinho, Jota, Faria Neto, e tantos outros. Peter Pereira meu amigo também veio depois. Merecidas homenagens a um grande Pirajuiense.👏👏👏👏👏👏
messias josé rodrigues
02/07/2022 — 15:11
Se não me engano, antes de toda essa maravilhosa história, ele trabalhou na tipografia e livraria Brasil, que ficava na Rua 13 de maio, cujo gerente era o senhor Vilela. Bons tempos aqueles que não voltam mais.
Caio Daniel
14/07/2022 — 16:25
Merecidíssima homenagem ao grande e eterno Osires Neves, o Zirão, como costumávamos chamá-lo. Tive o prazer de trabalhar com ele na Rádio Jornal FM de Pirajuí.
Parabéns, Marcelo, por resgatar e valorizar a história da nossa amada Pirajuí e de tantos outros nomes que ajudaram a escrever a história local!
funcionário Marcelo
14/07/2022 — 20:17
Valeu Caio! Ele merece
funcionário Marcelo
14/07/2022 — 20:18
Obrigado pela memória incrível, Messias. Forte abraço. Já publicou o seu livro?
funcionário Marcelo
14/07/2022 — 20:18
Obrigado pela leitura e pela contribuição, citando tanta gente boa, Carlinhos! Abraço