Foi você quem me fez assim

Ribeiro: saudades do gigante gentil

Bastava chegar nas escadarias da então mais movimentada agência bancária de Pirajuí, no coração da cidade, para logo avistar Ribeiro. O segurança da extinta Nossa Caixa Nosso Banco (posteriormente, Banco do Brasil) era um homem negro, alto, imponente, sempre de uniforme e bigode ao melhor estilo policialesco.

Com sua presença, certamente impunha respeito e organizava aquela aglomeração toda, que costumava ser um verdadeiro rebuliço, por exemplo, a cada quinto dia útil, quando os servidores públicos iam buscar o seu pagamento.

“Urubu”, como fora apelidado e conhecido, tirava isso de letra. Adorava a profissão e fez uma infinidade de amigos do alto da sua guarita de segurança. Conhecia, basicamente, a cidade inteira. Gente de todas as idades.

Era gentil, cortês e tinha um humor afiado, pronto para sorrir e arrancar algumas risadas.

Corpulento e imponente, “Urubu” era um gigante gentil

Menino do samba

Antônio Carlos Ribeiro nasceu no Dia de Nossa Senhora Aparecida, um 12 de outubro de 1955. Curiosamente, veio ao mundo em uma unidade hospitalar que marcou época na região – o então asilo colônia Aimorés, em Bauru, inaugurado em 1933, hoje Instituto Lauro de Souza Lima.

Na juventude em Pirajuí, na década de 1970, teve uma passagem marcante por um fenômeno cultural que até hoje é lembrado quando o assunto é cultura e carnaval. Sua paixão pela música o fez integrante do corpo da bateria da lendária Escola de Samba Unidos do Sambeco, onde tocava caixa.

Vida profissional de Ribeiro

Apesar de ter ficado conhecido pela sua atuação na área de segurança, esse não foi o seu primeiro ofício.

A profissão inicial de Ribeiro fora a tapeçaria, desempenhada com maestria na extinta loja Móveis Rosa, do saudoso Zelão.

Essa carreira perduraria até o ano de 1988, quando ingressaria para uma vaga como agente de segurança no então banco Banespa. Em 1993, trocaria de agência, indo para a então Nossa Caixa Nosso Banco, posteriormente, Banco do Brasil, onde ficou até a aposentadoria, em 2015.

O descanso não foi total. Mesmo fora dos bancos, continuou a exercer a função que iniciou sua jornada, a de tapeceiro.

Vovô amoroso

Casado desde 1978 com Enides Rodrigues Ribeiro, ela também uma pessoa muito conhecida e admirada na cidade, constituiu uma linda e amorosa família.

Tinha algumas paixões, como o piloto de F1, Ayrton Senna, o músico Martinho da Vila e o jogador Garrincha. Aliás, também em 1978 conseguiu realizar o seu sonho de conhecer e ser fotografado ao lado do ídolo futebolista – hoje essa foto é uma das mais famosas quando da visita do astro do futebol a Pirajuí.

No entanto, sua maior paixão, sem dúvidas, era cuidar e mimar a sua netinha. Ironicamente, quando estava desempenhando esse amor, sendo vovô, com a pequena no colo, sofreu um infarte fulminante. Nos deixou em agosto de 2017, aos 62 anos.

Como dizem, os bons morrem cedo.

Lendária fotografia da partida dos Milionários em 1978, no Campão. Antônio Carlos Ribeiro, Nelson Xavier (o “Tché”), Garrincha e o radialista e cronista Piter Pereira.
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