Foi você quem me fez assim

Cinco anos sem Rogério Cabeleireiro

“Róher!”; “Fala, Tchelo!”. Assim nos cumprimentávamos, automaticamente, mesmo tendo ficado anos sem conviver com o Rogério Cabeleireiro.

Pelas minhas contas, o conheci no final dos anos 1990, quando havia a Quitanda Água Na Boca, do Cláudio Zuquieri, na Rua Campos Salles e o salão do Roger ocupava uma das salas comerciais.

Não foi preciso mais que um corte de cabelo para firmarmos a amizade. E isso não é culpa minha – esse era o estilo do Rogério Cabeleireiro.

Ele carregava um magnetismo, uma forma de se comunicar, de interagir com os clientes, que era impossível não ser contagiado.

Descobri, depois, que isso não era coisa do seu ofício como barbeiro – isso era dele! Estava impresso no seu jeito de ser e se relacionar com as pessoas ao seu redor.

Ao lado da esposa Marcia: um homem apaixonado pela família

O Rogério Cabeleireiro e ouvinte

Não sei se vocês repararam, mas era difícil saber muita coisa do Rogério. Ao conversar com ele, ele se colocava numa posição de ouvinte, interessado.

Nós tínhamos mais e mais vontade de contar sobre nossas vidas, opiniões, o que estávamos fazendo etc. Ele queria saber dos nosso sonhos, nossas dificuldades, gostos musicais, hobbies, entre outras coisas.

Você se sentia importante conversando com ele.

Mas ele não era só ouvidos. Para muitos, o profissional atrás da cadeira do salão era um conselheiro. Uma pessoa pronta a trazer palavras positivas, testemunhos de sua vida e experiências pessoais.

E ele fazia isso com um magnetismo único. Tinha amigos entre todos os círculos sociais de Pirajuí – jovens, velhos, crianças, mulheres, religiosos, ateus, rockeiros, músicos, atletas e a lista vai longe.

Seus pontos comerciais também ajudavam. Seja na Campos Salles, seja na Rua 9 de Julho, o bom e velho “Róher” sempre estava bem posicionado para cumprimentar todos que passassem pelo centro.

Exercendo a profissão que tanto amava – e que tantas saudades deixou entre os clientes de toda a região

O religioso

Rogério Pacheco, pelo que me lembro, não nasceu em Pirajuí. Mas é muito difícil imaginá-lo vivendo em outra cidade, tamanha era sua popularidade e o engajamento na sociedade local.

A sua atuação na religião era intensa, com forte participação na Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD) local e regional.

O Rogério Cabeleireiro, nas conversas, não era uma pessoa que tocava muito no tema de sua atuação na igreja, porém, ela era extremamente significativa e foi crescendo a ponto de ele chegar a ser um pastor da organização.

Os ensinamentos bíblicos e a forte atuação humanitária de sua proximidade religiosa faziam dele uma pessoa que trazia consigo uma energia boa, uma aura totalmente do bem. Era impressionante.

Ao lado do Dr. Gustavo Brito, em evento do Centro Acadêmico Adventista

Figuraça

O Rogério Cabeleireiro era um figuraça! Muito engraçado, sempre com o mesmo jeitão: careca desde sempre, magro, com o bigode e o cavanhaque perfeitos – é claro, ele tinha que ser um outdoor do seu ofício, não é mesmo?

Tinha uma voz às vezes anasalada, aberta, que lembrava o sotaque paulistano da gema, de bairros tradicionais. Era muito sorridente. Seu sorriso era grátis.

Curtia uma boa moto, ao estilo custom como os modelos da Harley Davidson – e manjava do assunto. Mas se interessava por tudo aquilo que você gostava, também, era curioso e companheiro nas ideias de todos.

Rogério era um figura! Deixou saudades

Partiu muito jovem, em outubro de 2014, não sei ao certo a sua idade, mas provavelmente ainda na faixa dos 40 anos (se algum leitor souber, por favor complemente), vítima de uma doença pulmonar a qual enfrentou por muitos anos.

Sua morte deixou a cidade inteira muito comovida. Depoimentos e mais depoimentos foram feitos sobre o amigo, o barbeiro, o conselheiro, o pastor.

Rogério Cabeleireiro não era uma pessoa só, mas várias. E um detalhe raro: todas muito bondosas!

Sai o Cabeleireiro, entra o pastor. Lindas palavras em pregação de Rogério Pacheco
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