Foi você quem me fez assim

Quem se lembra do Bonequinho da Casa Ramos?

Entre os anos 1950 e 1980, o que hoje são quatro estabelecimentos comerciais na Rua 13 de Maio, coração de Pirajuí, unidos, formavam a Casa Ramos.

O magazine fez história como uma das mais elegantes, completas e organizadas lojas do município, oferecendo o que havia de melhor – era chique comprar por lá!

Casa Ramos
Foto do interior da Casa Ramos, no primeiro endereço, quando funcionava na esquina da 13 de maio com a 9 de julho. Na foto, os dois adultos em pé, os irmãos Agenor e Alvaro Ramos – Foto: Reinaldo Ramos

No entanto, além de todo o glamour oferecido, havia na vitrine um detalhe bastante peculiar, o bonequinho da Casa Ramos! Um item que marcou época e está, até hoje, na memória de toda a cidade.

Foi difícil, mas conversando e procurando aqui e ali, foi possível reunir algumas informações bacanas dessa figura tão marcante. Confira!

Os irmãos Agenor e Álvaro Ramos, proprietários da loja

Todo o requinte da Casa Ramos

Apesar de eu não ter vivenciado esse período, é impossível não ter ouvido de familiares e conhecidos sobre o quão imponente era a Casa Ramos em Pirajuí.

Os anos de ouro do comércio, entre as décadas de 50 e 60, eram marcados por uma loja grande, completa e impecável. Inicialmente, chegou a operar um tempo na esquina da Rua 13 com a Rua 9 de Julho, posteriormente foi para o meio do quarteirão, no prédio maior.

Já que eram tempos de extrema elegância, a loja tinha uma seção inteira dedicada aos magníficos chapéus – os mais cobiçados? Os das marcas Ramenzoni e Prada.

Anúncio do lendário chapéu Ramenzoni

O conterrâneo Argemiro Repas lembra, nas redes sociais, que o saudoso Agenor Nogueira Ramos (proprietário ao lado do irmão Alvaro), era um perfeccionista inveterado!

As belas caixas dos chapéus, que traziam ilustrações de paisagens europeias, eram retornadas às prateleiras, de cabeça para baixo.

Camisas, gravatas, ternos, artigos esportivos, moda masculina e feminina em geral. Por muito tempo, a vitrine trazia um manequim com um deslumbrante vestido de noiva – acredite, existem muitas mulheres que, até hoje, suspiram com a beleza dessa peça ali exposta.

Conversando com o neto de um dos Ramos, meu amigo Marcos, que há mais de uma década vive em São Paulo, sempre atuando no mercado financeiro, ele me contou algumas passagens interessantes – aliás, muitas das informações deste artigo só foram possíveis pela paciência do Marquinhos! Valeu mano!

O seu pai, Ivan, que nos deixou em 2015, muitas vezes era acordado de madrugada pelos funcionários das funerárias de Pirajuí.

Na dinâmica pós-falecimento, corriam para buscar um belo terno e gravata para vestir o morto. Não havia melhor “visual” do que o vendido na Casa Ramos!

Alguns ex-funcionários da Casa Ramos, além, é claro, dos familiares: José Maria Ribeiro (contador), Cida Alarcon Pinto, Valdeci Bergamasci (à noite, ela corria para trabalhar na bilheteria do Cine São Salvador!), entre tantos outros colaboradores.

O bonequinho da Casa Ramos

Do bonequinho, tenho a memória dos tempos de criança, dele bem posicionado, imponente, na linda vitrine da Casa Ramos.

Certamente, não era esse brinquedo da foto, mas ao que tudo indica, tratava-se de um boneco vintage, autômato (movido à energia elétrica), que fazia um movimento no pescoço, mexendo a cabeça.

Conversando com o Marquinhos, pude lembrar da questão das roupinhas – isso mesmo, era uma espécie de nosso Manneken Pis pirajuiense. Na maior parte do ano, ele vestia um terninho. No Natal, os irmãos Agenor e Álvaro vestiam o pequenino com uma roupinha de papai noel. Era um show!

Curiosamente, quando a internet começou aquele meme de “Fala que é de Pirajuí, mas nunca viu o bonequinho da Casa Ramos”, algumas pessoas chegaram dizer que era o “palhacinho”. Pode ser que tenha, também, essa roupinha em algum momento.

A parte triste dessa história, infelizmente, é o paradeiro do nosso amado bonequinho da Casa Ramos.

Conforme a década de 1990 foi chegando, o imóvel foi sendo dividido e as atividades sendo encerradas. Em algum momento, durante os fins dos móveis e estruturas, não se soube mais do pequeno brinquedo autômato.

Aliás, quem estiver lendo este artigo do Homem Benigno e souber onde está o boneco, por favor, mande uma fotografia para cá!

Fica a memória! Os tempos de ouro do comércio local. O capricho e o requinte proporcionados pelos lendários irmãos proprietários.

Enquanto houver uma memória doce de nossa infância e juventude em Pirajuí, nela estará a cabecinha mexendo, a roupinha impecável e o olhar doce do nosso inesquecível bonequinho da Casa Ramos!

Uma reprodução do que seria mais ou menos o Bonequinho da Casa Ramos
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