Foi você quem me fez assim

Paulo Rizzo: a história de nosso grande estilista

Ele não nasceu em Pirajuí, mas em Piracicaba (SP), num fevereiro de 1955. Mas cresceu em terras pirajuienses, sob um sobrenome pioneiro, cercado por uma família tradicional da cidade.

E ele carregou e exaltou o nome do município por onde passou – e não foram poucos lugares. Paulo Rizzo foi um renomado estilista que, entre os anos 1980 e 1990, teve projeção nacional e, até mesmo, internacional. Trabalhando em marcas relevantes, como uma das principais grifes brasileiras no período, a Zoomp.

Paulo Rizzo tomando café da tarde na casa de sua tia Irancy Rizzo

Irreverente, ousado, artista, músico. Paulinho, como era chamado, se destacava pela inteligência, sagacidade e a criatividade. Figura inesquecível, foi um personagem à frente de seu tempo. E soube transformar seu talento em lindas coleções de moda.

Hoje, com a ajuda de um acervo de seus familiares, o Homem Benigno pretende contar um pouco de sua história.

Paulo Rizzo, um pirajuiense

Se Paulinho foi uma figura marcante e extremamente conhecida, na sociedade pirajuiense, seus pais e tias também eram pessoas muito populares.

É filho de um casal de professores que dispensa apresentações: Ary Rizzo e Maria da Conceição Germano Rizzo. Seu pai era o único homem de uma família de mulheres fortes, que marcaram época em Pirajuí: as irmãs Irahy Rizzo, Irany Rizzo, Iracy Rizzo (Petita) e professora Irandy Rizzo. A avó era Ana Albertina Rizzo.

No link abaixo, você pode conhecer um pouco mais dessa família local.

Formação e anos iniciais

A formação acadêmica de Paulo Rizzo se deu em Turismo e Belas Artes. A aproximação com a veia artística começara ainda na infância.

Inicialmente se interessou pela música, tocava violão, cantava e aprendeu piano ao lado da aclamada professora Darcy Lancelotti Plácido.

Paulinho com visual hippie ao lado da avó Ana Albertina Rizzo

No entanto, o interesse pelo desenho e pelas vestimentas veio logo cedo. A formação acadêmica apenas forjou seu caminho para a brilhante carreira que viria pela frente.

Já em meados dos anos 1980, exerceu seu primeiro emprego em grande destaque. Assinava como estilista da então mega marca Rakam Tecidos, em São Paulo. À época, essa era uma potência nacional em moda, com 26 lojas em vários Estados.

A grife viria a falir em meados dos anos 1990, após uma dura queda no Plano Collor.

Paulinho atuou em diversas capitais brasileiras junto à marca, mas não ficou para assistir sua derrocada.

Carreira de sucesso

Em seguida, assinou a coleção da malharia da então Confecção da Folha de S. Paulo, uma iniciativa nesse mercado do conhecido jornal paulistano, trabalhando em criações em parceria com o cartunista Angeli.

Os próximos passos envolveriam as grandes marcas de jeans, como a Gledson Jeans e a já citada Zoomp.

Paulinho tornou-se referência na moda, além dos eventos internacionais, era constantemente entrevistado para falar sobre tendências

Com elas percorreu o mundo, com direito a participação nas principais semanas de moda em Paris e Nova Iorque, país que visitou diversas vezes com seu trabalho.

Uma passagem interessante em sua trajetória profissional foi a assinatura criativa da marca Rasgo, dos pirajuienses Carmen Santos e Raul Bueno.

Paulo Rizzo faleceu dia 16 de novembro de 2001. Infelizmente, não há registros conhecidos de seus desenhos ou, mesmo, algum acervo de peças nas coleções por onde atuou. À exceção de poucas memórias fotográficas de itens como os descritos abaixo.

Paulo Rizzo
Das raras imagens de roupas desenhadas por Paulinho: um vestido de cetim bridal com crepe georgete; e blusa de renda guipir. O jovem estilista já aparece ao lado de suas “obras” nas fotos (final dos anos 1970)

Conheci o Paulinho no final da década de 1990, poucos anos antes de seu falecimento. Me recordo dele sempre vestido de camisa e calça preta, de brinco na orelha e cavanhaque, fumando. Era um sujeito especial, que tinha um brilho muito próprio. Mesmo com a carreira de estrela na moda, era muito simpático e atencioso.

Entendo que seja uma figura local que merecia uma atenção maior com seu legado, sua memória, pelo tanto que fez e sempre exaltou de nossa amada Pirajuí.

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