Em uma evidente tentativa de BUZZ FEEDZAÇÃO de Homem Benigno, o certeiro encarregado Mauricio tece considerações sobre o novo fenômeno da música ítalo-brasiliense.
São tempos difíceis para a música brasileira. Legal começar o texto assim, né? Até parece que eu entendo alguma coisa disso.
De qualquer forma, a chamada “revolução digital” pela qual passou o mercado fonográfico desde o começo do século prometeu uma era Do It Yourself – que acabou não chegando, pelo menos não aqui no noroeste paulista. O que se pensava: qualquer um com talento e condições mínimas para gravar e postar seu trabalho teria a chance de ser reconhecido e fazer o merecido sucesso. O que aconteceu: o rádio continua tocando as mesmas coisas, as paradas estão dominadas pelos mesmos artistas e a alta do combustível tá infernal (acho que essa informação ficou meio fora de contexto).
Assim, é animador encontrar, no meio dessa palhaçada toda que o cenário musical atravessa, gente com ímpeto, com qualidade e sensibilidade avant-garde fazendo canções no país. Com vocês, Banda Luxúria.
Não conhece? Claro que conhece! Não, não é Luxúria, é Banda Luxúria! Eles são baianos e autores da fantástica Gordinho Gostoso, já interpretada por gente do calibre de Ivete Sangalo, Gusttavo Lima e Aviões do Forró.
1 – Eles representam o arrocha ostentação
Aqui eu não to falando do arrocha que infestou o sertanejo universitário, mas sim de uma forma mais pura, intensa e autêntica do gênero. Baseado em batida insistente, uso frequente do teclado e sintetizador – com claras influências de nomes como Emerson, Lake and Palmer e Rick Wakeman da carreira solo – e vocais despojados, o verdadeiro arrocha é dançante, é magnífico.
Aliada ao ritmo, a temática só melhora as coisas. A pegada é ostentação: iate, Chandon, Oakley, John John, Fatal Surf. Sente só esse excerto da minha favorita dos caras, Poder Monetário:
Quando a gente chega na boate
Com cordão de 18 quilates
O nosso poder é monetário
E ela se amarrou no empresário
Já tá reservada a área vip
Daqui vamos pra minha suite
As novinhas ficam a vontade
Relaxando na hidromassagem
2 – Eles já atacaram a ditadura dos padrões de beleza
A supracitada Gordinho Gostoso não é só um sucesso indiscutível, mas também um manifesto corajoso contra os padrões impostos pela grande mídia e convenções sociais.
Sou um gordinho, sou gostoso, sou o rei do paredão
Boto um boné da John John, copo de whisky na mão
Invejoso passa mal, porque minha vida é assim
Não frequento academia, mas as novinha pira em mim
Em tempos de valorização dos corpos esbeltos e sarados, temos que admirar o poder dessas palavras, ainda mais quando complementadas pela ótima construção “eu não sou Friboi mas to na moda”.
3 – O vocalista já foi alvo de um impostor
Virou caso de polícia
A “Operação Arrocha” (sim, é o nome) da polícia goiana prendeu em janeiro último um farsante que se passava pelo vocalista Neto LX em Piranhas, noroeste de Goiás. O falso cantor chegou a distribuir material de divulgação e também ceder entrevistas. Surreal.
O próprio Neto LX merece aqui um parágrafo. Menino de ouro, sacanageiro, 26 anos, o baiano já virou referência como compositor. Infelizmente, acabou se separando da Banda Luxúria e lança vôo solo em breve. Mas acalmem-se, a banda continua e já tem um substituto na figura do carismático Koyote.
4 – Eles vão dominar 2015
Mermão, cê ainda não entendeu? Esses caras tão anunciando os rumos da música popular e isso vai ficar ainda mais forte nos tempos que se aproximam: Carnaval, micareta e o escambau. Não dá pra ficar de fora, vacilão. Você não é o hipster, camisetinha do Strokes, wayfarer? Quem é antenado não pode perder trending topic. Trata de botar sua lente Oakley invocada, polo da Lacoste pro meio, e tomar uma champagne esperta ao som do bom arrocha. Banda Luxúria é tendência, é a antítese da sofrência, é ostentação.
by encarregado Mauricio
(Dedico esse post aos meus visionários mentores @vpmjunior e @renanrbf, sem os quais não conheceria boa parte dos esforços artísticos que acompanho)
Hugo
01/06/2016 — 01:34
Maneiro.