Foi você quem me fez assim

E se Tolkien nos tiver enganado?

No começo para mim não passava de uma desconfiança, um simples desconforto diante de um universo muito grande que é o conjunto de sua obra. No entanto, com o passar dos anos — e o consequente avanço de minha idade — passei a ter a hipótese como algo perturbador e, por vezes, já perdi o sono, a fome e capítulos da novelaOs 10 Mandamentos, da Record, pensando no tema: e se durante esse tempo todo J.R.R.Tolkien nos tiver enganado com o conteúdo de seus textos?

Diferentemente de séries como House of Cards e True Detective, os roteiros de Tolkien se baseiam em coisas que realmente aconteceram na história. Seus famosos livros retratam épocas muito antigas, em que o povo vivia nos castelos, reinos e ladeados de uma bicharada mais ou menos no estilo que eram os dinossauros. Seus livros carregam o rótulo de literatura de fantasiapor causa das roupas que eles vestiam, os mantos, aqueles chapéus, as barbas etc.

Mas, mesmo assim, se olharmos com cuidado cada etapa do desenrolar da trama, veremos que o autor pode ter, delicadamente, embutido algumas situações que jamais teriam acontecido de fato, na vida real.

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Linguista e professor, Tolkien, à época um jovem pai, trincava o nervo de tanto trabalhar na Universidade de Leeds. Em casa, sua esposa ia jogar caxeta com as amigas e o deixava dando uma olhada nos bakuris. Cansado, não tinha paciência para ficar pajeando a criançada, que estava naquela fase do sobe em cadeira, puxa cortina, enfia bombinha no ânus do gato — buscava mentalmente uma ideia que pudesse sossegar a pequena horda. Um dia, com desarranjo intestinal após um almoço de folha de uvas, pegou um monte de papel rascunho e uma lapiseira. Numa sentada escreveu O Hobbit (1937). Seus problemas com as crianças acabaram após o delicioso romance ter sido concebido. Os baixinhos agora tinham muito trabalho para fazer, pois haviam as etapas da revisão, do copidesque, impressão, acabamento, encadernação,  tudo isso enquanto o pai Tolkien pitava seu cachimbo de bolhas de sabão.

E assim se desenvolveu toda a atividade criativa, a cada título. A impressionante obra O Silmarillion (publicado apenas em 1977), que traz toda a geografia da Terramédia, foi feito rapidamente, para justificar à sua esposa, Jéssica Silmara, que era muito arriscado para ele ir até os fins do vale de sua casa de campo, apenas para buscar lenha. O livro foi publicado em vão e, até o fim da vida, ele teve de cumprir o afazer doméstico.

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O escritor e poeta é da Inglaterra, do ano de 1892. Esse monte de sigla no seu nome significa John Ronald Reuel Tolkien, o que cientificamente indica que, se nascido no Brasil, teria grandes chances de ter sido conhecido apenas como Ronaldo.

Não quero bancar o corneteiro, mas um sujeito com essa carinha de nojo jamais recuperaria o anel
Não quero bancar o corneteiro, mas um sujeito com essa carinha de nojo jamais recuperaria o anel

Enumero, aqui, alguns pontos que me fazem defender a tese de que detalhes da bibliografia de Tolkien soam mentirosos. Em A Sociedade do Anel, há inconsistências na maneira como foi firmada a aliança que buscava a salvação do mundo. Os hobbits, humanos e os anões a gente bem sabe que adoram um gambiarra. Agora, os elfos e um mago do calibre do Gandalf jamais encarariam uma busca dessas sem um documento lavrado com firma reconhecida. Tudo bem que o Legolas não é flor que se cheire, mas ao menos um recibinho ele ia pedir, nem que fosse um daqueles de talonário azul.

E já que é para esquentar a polêmica: e o anel em si? A gente que tem um pouco de conhecimento no ofício de ourives sabe muito bem que, no ouro 18, a gravação de letra não é apenas possível, como também é exata. Se esse anel fosse realmente d’ouro, as letras sairiam certinhas — e não esse garrancho que tem até hoje, que você não consegue ler nada. Ou seja, pra mim, vendo apenas foto dele, 4 mil anos depois, eu acho que aquilo é semijoia (uma das boas, mas, semijoia).

Que letra é essa? Ninguém entende nada. O joalheiro fez inglês por correspondência, não é possível
Que letra é essa? Ninguém entende nada. O joalheiro fez inglês por correspondência, não é possível

E o Frodo? Nada me tira da cabeça que ele é fruto de algum arranjo político para aparecer nessa jornada aí. Troca de favor, alguma coisa para ajeitar as eleições no Condado. Tudo bem que, historicamente, nas estruturas épicas costumam prevalecer a figura do fragilizado: basta relembrar o confronto entre David e Golias ou mesmo a luta entre Bob Sapp e Mirko ‘Crocop’ no K1 japonês. Mas o Frodo já é forçar a amizade. Uma choradeira rapaz, ninguém aguenta. Sem falar que não serve para ficar 15 minuto sem enfiar a porra do anel no dedo. Dá seus pulos, moleque.

Por fim, apesar de ter planejado a Terramédia com tanto carinho e perfeição, Tolkien deu uma miguelada no caminho entre Rohan e Mordor ou ele traçou a rota ali na pressa, ou estava querendo esconder algo. Eu explico porque: ali pelas Minas Tirith, ele jamais chegaria em Mordor direto. Ele ia ter que contornar lá por baixo pela passagem do rio Poros — e isso aí qualquer leigo sabe. A não ser que o Frodo e o Sam subissem e, lá por cima, pelas Montanhas de Cinzas, pegassem aquela entradinha da rotatória do posto BR.

Tem coisa que não precisa ser linguista pra entender né?

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