Durante décadas, passar pela praça da igreja Matriz de São Sebastião significava, também, visualizar a bela fachada do extinto Hotel Pires. Era possível observar na janela do prédio, a proprietária, Maud Pires Arruda, sentada, cabelos curtos e negros, que delimitavam um rosto forte, com feições marcantes — fotos de sua juventude exibem uma beleza que trazem à mente as estrelas de cinema.
A intensa presença de Maud na história da praça representa apenas 0,001% de seu infinito papel na cultura local. Pintora, poeta, jornalista, cronista, estilista, PROFESSORA (com todo o perdão das letras maiúsculas, que costumam gritar na tela), radialista, escultora, religiosa.
Por ocasião do centenário de Pirajuí, o nome Maud (pronunciado “Mô” pelo saudoso homem da imprensa, Basílio Altran) virou sigla, que passa a nomear a praça como Espaço Cultural M.A.U.D.. Aos 95 anos, em uma clínica na cidade de Bauru, tem sua vida exaltada na exposição inaugural, chamada “Viva o povo pirajuiense”.
Na lateral da Igreja Matriz, 172 fotos (100 não foram suficientes) trazem, literalmente, o rosto de Pirajuí. A história contada pela face de seus protagonistas. Nas imagens, o semblante de satisfação do incansável Mário, exercendo seu ofício-arte na sapataria; a pantomina do ator-cineasta Diego ao lado de Chaplin; Larissa exibe o rigor (e a beleza) do balé, que ela transmite a dezenas de crianças. Há crianças, jovens, idosos, pessoas públicas — e pessoas quase nunca vistas pela city.
O idealizador é o artista plástico José Renato Bertoldi que, ainda na infância, teve o privilégio de receber dicas de arte da própria Maud. Mais tarde, já formado, restaurou as belíssimas imagens da Igreja N. Sra. Aparecida, feitas pelo italiano Antonio Maria Nardi. Agora, nos 100 anos da cidade, planejou, fotografou e editou esse presente biográfico para o município.
A exposição é itinerante e, em junho, estará no distrito de Sto. Antônio da Estiva.
A verdadeira privilegiada é Pirajuí, por ter um morador tão apaixonado pela praça, por Maud e pelo passado da cidade.
