Vitor Oshiro é jornalista, editor no Jornal da Cidade de Bauru, maior veículo impresso (e acredito que on-line também) da região noroeste do Estado de São Paulo, também na TV USP, na mesma cidade. No entanto, antes de mais nada, é filho de Pirajuí. Descendente de japoneses, creio eu que seus antepassados devem ter chegado à terrinha junto ao grande número de nipônicos que vieram para a região trabalhar na lavoura, na primeira metade do século passado – inclusive neste post há umas fotos magníficas desses imigrantes orientais.

Além do excelente trabalho editorial desenvolvido na imprensa, Oshiro gradativamente vem produzindo e compartilhando sua faceta de Cronista do Cotidiano. Suas reflexões vão de pequenos detalhes do seu dia a dia e brincadeiras com os amigos até a temas mais polêmicos, os quais ele faz questão de sempre se posicionar. Publicados nas páginas de Opinião do JC ou simplesmente em seu perfil no Facebook, essas palavras rendem discussões e muitos compartilhamentos.

O texto abaixo tem um pouco dessa crônica, mas bebe em outro Vitor Oshiro, aquele mais endiabrado, das críticas ácidas e do uso da ironia. Muito parecido com a persona de uns dez anos atrás que, durante os disputadíssimos bailes do Parque Clube de Pirajuí, atravessava a intransponível barreira composta por dois seguranças e subia ao palco. De microfone nas mãos, falava asneiras, mandava recados e simplesmente parava, por alguns instantes, toda a festa. Aliás, pegava a festa pra ele.

Mr. Oshiro, a partir daqui, o Homem Benigno é todo seu! Abraços, mano véio!

[título original]

‘Tá tranquilo, tá favorável’ com Lucas Lucco tem até homenagem póstuma a Umberto Eco

por Vitor Oshiro

Não teve jeito. Tá tranquilo, tá favorável foi o hit deste Carnaval. Com certeza, você ouviu a música independente de ter ido pra praia, cachoeira, retiro, motel com a irmã da sua esposa, monastério budista ou apenas ter ficado em casa todos os dias com a mesma cueca vendo, pelo Netflix, a Jessica Jones matar o Killgrave no último episódio da série (ops… spoiler!).

Segundo dados de uma pesquisa do Instituto de Análises de Dados da Cultura Brasileira, em 94,3% dos municípios do País, durante quatro dias de Carnaval, “Tá tranquilo” tocou oito vezes seguidas com uma pausa para “Metralhadora”. Depois, ocorria um looping infernal carnavalesco.

E aí quando você achava que tudo estava ficando mais calmo, mais tranquilo, mais favorável, com o esquecimento coletivo da música (assim como ocorreu com o Bagulho no Bumba, dos Virgulóides), uma parceria surpreendente dá uma nova guinada em direção ao sucesso.

O cantor, modelo, marombado, fisiculturista, tatuado, ator premiado de Malhação (boatos dão conta de que ele ganhe o Oscar antes que o DiCaprio), diretor e roteirista de belos clipes e pensador contemporâneo Lucas Lucco entrou na parada.

Em uma parceria muito além da firmada entre David Bowie e Queen, o cantor, modelo, marombado, fisiculturista, tautado, ator premiado, diretor e roteirista de belos clipes e pensador Lucas Lucco se uniu a MC Bin Laden e transformou o que já era bom em ótimo. Ou melhor, o que já era ótimo em excelente. Ou melhor, o que já era excelente em pica das galáxias.

O clipe foi gravado em Balneário Camboriú (não sei por que não trocam logo para ‘CambUriú, porque todo mundo fala com ‘U’ mesmo) e está uma verdadeira obra prima. Pode-se dizer que é uma “Monalisa musical”. Claro: Lucco é um dos diretores da peça.

Não vou detalhar para não estragar a surpresa. Porém, tem de tudo: tem chinelo sendo usado como iPhone S6 Plus, tem muito hangloose, tem muitas (mas muitas mesmo) celebridades, tem contraste entre a boa forma dos protagonistas, tem o mito Deus supremo super sayajin nível 84 Wesley Safadão, tem beijo na boca, tem (uma das minhas partes favoritas) versão da música em sertanejo, tem metalinguagem com a galerinha mexendo na Internet em um vídeo feito para a Internet, tem o Lucas Lucco tentando matar o Bin Laden rolando ele pra água (no maior estilo “volta pro mar, oferenda”!), tem várias referências ao uso exacerbado de smartphones e redes sociais em clara e bela homenagem póstuma ao pesquisador e crítico das novas tecnologias no papel da disseminação da informação Umberto Eco, tem um recado pras “vizinha fofoqueira que desacreditava de nóis”, tem participação especial do Ronaldinho Gaúcho e até mesmo agradecimentos para Balneário Camboriú (ainda está com “O) e, claro, para Jesus Cristo! Sim, eles agradecem a Jesus Cristo (há boatos que, desde o lançamento do clipe, aumentou em 37% o nível de desgraças do mundo, uma vez que Jesus não consegue parar de apertar o ‘replay’)! Mas, como eu disse, não vou detalhar.

Se você ainda não viu o vídeo, corre lá. Com certeza, hoje (e nos próximos dias), alguém vai perguntar o que você achou do clipe. Aconteceu isso comigo nesta manhã quando atropelei, um idoso e perguntei se “ele estava tranquilo”. Começamos um papo animado pelo clipe. No fim, ele chamou a polícia e eu fiquei detido por seis horas. Fique triste? Não! Porque tudo tá tranquilo, tá favorável!