Quando os amigos e conhecidos daqui de São Paulo me falam que são “fanáticos por futebol”, costumo discordar mentalmente e refletir: vixe, esses caras não conheceram o Lili Prado (1930 – 2004).

Também não costumam acreditar que sua casa é pintada nas cores do Timão – até aí tudo bem; e que as pedras portuguesas de sua calçada reproduzem o símbolo do Corinthians! E isso é só o começo.

Pude conviver pouco tempo com Lili – apesar de ser amigo de sua família, da Elenita, do Danilo e de suas netas. Mas sempre me tratou muito bem (apesar de eu ser são-paulino, rs) e, além disso, desde sempre essa sua devoção despertava a curiosidade dos pirajuienses.

Trabalhando na Pirajuí Rádio Clube como repórter, narrei no ar esse texto-homenagem ao Lili, que também foi publicado no semanário O Alfinete à época.

O texto traz mais informações sobre a biografia desse figura!

Lili em foto de família, com o filho Danilo, ainda bebê, nos braços (Fotos: Acervo familiar)

 

*Texto de 24/09/2004

 

A cidade de Pirajuí perdeu na madrugada de hoje Joselir de Abreu Prado, conhecido por todos como Lili Prado, o Corinthiano.

Nascido em 26 de Abril de 1930, Lili teve duas grandes febres durante toda sua vida, dois times de futebol do coração, a equipe do Corinthians e o Pirajuí Atlético Clube.

100 % pirajuiense, Lili é de família portuguesa e teve 7 irmãos, dos quais 4 ainda estão vivos (informações da época).

Formado em curso técnico agrícola, Lili é funcionário aposentado da Secretaria da Agricultura.

Segundo amigos e conhecidos, a paixão pelo Sport Club Corinthians Paulista sempre foi uma constante em sua existência. No entanto, a partir dos seus 40 anos, o amor pela camisa alvi-negra transformou-se numa verdadeira devoção. Lili passou a preferir roupas nas cores corinthianas, personalizou sua residência – inclusive a calçada – com o brasão do timão. Até seu carro era uma bandeira do corinthians (era um Corcel? Não me recordo bem).

Pelo Atlético de Pirajuí, a paixão chegou ao seu auge na década de 1970, quando assumiu a presidência do clássico clube local.

Tendo como característica presente no seu dia a dia o humor, Lili Prado adorava contar causos registrados com os figurões pirajuienses utilizando uma maneira peculiar de registrar cada fato.

Com a sua morte, se apaga também o folclore corinthiano local iniciado pelo saudoso Adalberto de Melo Rocha e perpetuado com maestria pelo discípulo Lili.

Se extingue também uma maneira intensa de se amar o futebol, um modelo de dedicação a uma equipe numa forma que infelizmente já mais veremos de novo.

Durante seu sepultamento no Cemitério Municipal, em meio ao silêncio de familiares e amigos, uma música partiu de um pequeno rádio toca-fitas portátil (Se eu não me engano, estava na mão do amigo Duque – me corrijam se eu estiver errado, por favor).

É claro, era o Hino do Corinthians!

Morre Lili Prado, o mito, fica Lili Prado a lenda, o folclórico corinthiana da cidade de Pirajuí.