Você mulher leitora desse Homem Benigno™ está no jantar de família para apresentar seu novo namorado para seus pais. O velho cospe o caroço da azeitona no canto do prato, dá aquela passada de guardanapo na boca, e pergunta: “mas o que você disse que faz mesmo, estarte o quê”?

Não seria muito mais fácil dizer que vive de renda, ou que é engenheiro de estradas, ou então que o pai tem um mercado grande e que vai botar ele para tocar?

Todo mundo sabe que essa história de Startup, tecnologia e aplicativo é para onde as coisas vão. O futuro está aí. Mas como, quando? Quem você conhece que mexe com isso e está bem pra caramba? Comprando terreno, tirando o Ka novo à vista, indo comprar o iPhone num bate volta em Miami?

A Economia (do latim Eqqus, cavalo, caválico) é cíclica. O mesmo homenzinho das cavernas que batia nas pedras até lascar é o cara que hoje faz o martelinho de ouro em oficinas. Ou seja, não precisa ser cego para entender que, em termos de negócios, existem algumas boas práticas que podem ser aplicadas a essa atividade econômica do momento, que certamente vão torná-la mais aquicessível e, consequentemnte, rentável.

 

Algumas mudanças necessárias no regime de Startups

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Eu acordo, ouço um sonzinho de leve, fumo um cigarro, faço um café, dou uma olhada no dia, tomo aquele banho, me alongo, daí que vou ver os emails e… ERRADO. Já começou mal. Vai começar sua aventura tecnológica de criação? Bate o ponto. Depois que picou o cartão, aí sim, vai olhar para o céu, declamar poesia. Se você é o dono do seu próprio negócio – e ele tem potencial para ser uma tacada milionária – se ficar nessa lenga lenga isso aí vai virar porra nenhuma e tu ainda vai ter que voltar para sua antiga firma ajoelhando pelo emprego de novo.

Sou da época em que o povo saía mais cedo do serviço para pegar a Malhação no ar. Hoje em dia com Netflix e esses caramba todo aí pela rede o cara mata o serviço bonito. Taca-le um relógio de ponto nele, que daí você tem argumentos com seus funcionários – e é funcionário hein? Não vem com essa de colaborador e essas papagaiadas que no final quem recolhe os direitos dele é você, tio.

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Imagina você consegue um investidor gigante dos eletrodomésticos, ou um sujeito grande aí da área de insumo agrícola. O cara chega com comitiva dele e tu leva para um sobrado amarelo, todo colorido, com escorregador, pirocóptero jogado pro chão.

Eu sei que a intenção é ser criativo. Mas tem coisa que não muda. Sede é sede. Tem que ser branca, gelo, bege ou cinza. Bota um segurança na porta, com fardamento – nem que seja em tactel – e uma telefonista. Tem que ter no mínimo uns três andar vai. Pega um predinho e ocupa um andar só. Mas dá entender que é tudo seu, liga em um ramal qualquer e pergunta: “fulano ainda está no quinto? Pede para ele descer aqui por favor”.

Ah! E se não tiver estacionamento, bota pelo menos um vallet na entrada, pede para o cara dar uma volta no quarteirão com o carro, que seja. Só não vai me esquecer o pen drive no som dele hein.

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Está bem claro que, muito do trabalho de uma Startup reside no âmbito do planejamento, da negociata. Mas pega mal você entrar em um ambiente de trabalho e ver o povo no Twitter, ou mexendo em tabela do Excel. Acho interessante manter alguma coisa que lembre a atividade braçal ali dentro, dá um clima de vivacidade ao lugar.

A atividade laborterápica revigora o espaço e não atrapalha a converseira que é o trabalho de negociação em si. Eu sugiro instalar um tear no meio da sala ou então um forninho para fazer tijolos.

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Edward Ignocke escreveu em “El Teorema Económico Moderno”, livro alemão que que teve seu título grafado em espanhol por uma licença poética do Google Tradutor, que a melhor atividade econômica que existe é “Sicherstellung dass das bestellte”, que acabou saindo no livro impresso como aquela “que garantiza el ordenado”.

Esqueça fotos no Instagram, check ins no Foursquare (use esse aplicativo apenas quando estiver em aeroportos, dá uma boa impressão) e desabafos profissionais no Facebook – o FB não serve para falar de negócios, ali é lugar para você debater política, bicicleta, essas coisas.

O resumo profissional de uma boa Startup deve ser feito através de relatórios, longos, impressos, parrudos, de preferência em papel reciclado. Daí você manda encadernar, dá um para cada funcionário e manda o motoboy levar um para os acionistas. Mesmo que lá dentro tenha um monte de quirela escrita, ninguém vai ler, mas você vai perceber a diferença como vão olhar para o seu negócio.

 

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O caminho para a dita Nova Economia é longo e cheio de aplicativos de táxi e 10% para garçom pelo caminho.

Ninguém disse que seria fácil. Mas você vai dar conta, está na casa aí dos 20, 22 anos – logo logo você aposenta.