Primeiramente, gostaria de começar esse artigo com uma provocação:

Ô vagabundo! Você está acabando com a herança dos seus bisavós, safado. Vive de renda e só na putaria, algazarra, né? Não é só Deus quem mata, viu?

 

Pronto, terminada a provocação, vamos à exposição.

Houve uma época em São Paulo que as únicas atrações artísticas de massa eram a FenaSoft, evento de informática onde o pessoal anunciava o lançamento dos disquetes e todo mundo ia embora com uma sacola cheia de brindes, e, também, os velórios de pessoas públicas famosas, que geralmente cortavam as avenidas da cidade nos carros de bombeiros.

De um tempo pra cá São Paulo abriu os olhos para as artes. Eu diria mais, chegou a arreganhar.

Agora é bienal, é galeria para tudo que é lado, é mostra não sei de quem, mostra não sei da onde. É tanta intelectualidade e erudição que daqui a pouco o brasileiro vai aumentar essa média de 0,6 livros lidos por ano (geralmente do Pe Marcelo Rossi – O Ágape).

O fato é que faz uns dias aí que a maravilhosa Pinacoteca do Estado de São Paulo exibe algumas peças do artista plástico Ron Mueck. A Pinacoteca, eu não tenho nem o que falar, né? Um baita prédio histórico, propositalmente inacabado, uma arquitetura violenta, show demais. Você quer impressionar uma mina? Tu sai da estação Luz do metrô, aponta para a Pinacoteca e diz: “sou foda, conheço isso aí inteiro”. Você só corre o risco de a mina rebater: “mas se você é tão foda, por que a gente só vai pros rolé de metrô”?

Se esse cara não tratar de remar não vai perder a barriguinha hein!? Zoeira minha, é uma escultura também
Se esse cara não tratar de remar não vai perder a barriguinha hein!? Zoeira minha, é uma escultura também

 

Ron Mueck tá aí com seus 56 anos, acho, nasceu australiano mas tá em Londres faz uma cotinha já. Esse sujeito ficou mundialmente conhecido com suas esculturas #violentas e ultrahipermegarealistas.

Seus pais mexiam com brinquedo, ou seja, ele já tinha o dom da modelagem. Na arte, usa fibra de vidro, resina, silicone, acrílico, argila, sei que, rapaz, a realidade fica absurda. Mas ele retrata um povo meio feiozão, simplão – mas aí você querer uma Alessandra Ambrosio, uma Valentina Francavilla do Ratinho, já é demais, né Jão?

O realismo é absurdo, as veias, os pelos, as imperfeições, uma aliança de casamento emperrada num dedo gordo. Cara, só indo dar uma olhada para saber.

O artista dando um talento com Renew™ do Avon em sua obra
O artista dando um talento com Renew™ do Avon em sua obra

No entanto, tem muita gente dizendo que essa arte aponta mais para o espetáculo que para qualquer outra coisa. Isso porque, na opinião desse povo, isso aí não é muito mais que um museusão de cera desses que você vai em Foz do Iguaçu – e que funciona para aquele povo que fala “isso aí que vocês chamam de arte para mim é um monte de rabisco de giz”.

Mas aliás, quem sou eu para suscitar esse tipo de reflexão aqui no Homem Benigno? Afinal, esse blog só está sendo pago para rodar clipe de black music:

 

 

SERVIÇO:

Ron Mueck 

Pinacoteca do Estado de São Paulo
Praça da Luz, 2 – Metrô Luz
Até 22/2/2015
terça a domingo das 10h às 18h
R$ 6 mangos / estudante meia (quinta-feira é grátis a partir das 17h)

É meninas, a idade é implacável, inclusive para as esculturas ultra realistas
É meninas, a idade é implacável, inclusive para as esculturas ultra realistas