“Para eles a Casa Branca é a menor das preocupações”
Frank Underwood desce do carro aborrecido após dar três voltas no quarteirão tentando estacionar na Alameda Santos. Encontrou uma vaguinha entre uma caçamba de lixo e uma saída de condomínio, deixou ele meio torto e fez uma fezinha para que o CET não enxergasse a placa de zona azul que está meio escondida numa folhagem de goiabeira. Ele manda um SMS para sua esposa Claire.
Claire Underwood está loira linda e suada. Acabou de sair de uma aula de zumba nos arredores da avenida paulista – uma academia chiquérrima que sai R$ 580 por mês, mas dá direito a ela fazer todas essas aulas oferecidas. Menos pilates. Pilates é à parte.
O casal se encontra para dar uma olhada nuns móveis em lojas de design na região dos Jardins. Eles pretendem mobiliar o apartamento, mas não vão comprar por ali não. Estão nas vitrines “apenas para terem umas ideias” — provavelmente vão adquirir o mobiliário na rua Jurubatuba, em São Bernardo do Campo.
O telefone de Frank toca. É seu braço direito Doug Stamper. Misterioso, ele está envolvido em alguma enrascada. Combinou de recauchutar os pneus de sua Saveiro com um sujeito desconhecido e, chegando lá, o lugar era um chiqueiro. Pior que pagou antecipado e pedia para Frank se ele não tinha como ver alguém para convencer o borracheiro a devolver a grana.
Underwood está putíssimo. Pagar meu financiamento ninguém quer esbraveja ele em frente à vendedora da loja, que mostrava um aparador em mogno para o casal. Mas Frank respira e se recorda de Meechum, um PM simpático que andou fazendo uns bicos de segurança numa padaria que ele e a esposa frequentavam. Ele passa um WhatsApp de áudio para o leão-de-chácara.
Quando pensava que tudo estava resolvido começa uma buzinação na rua. Com o carro atrapalhando todo o trânsito na Pamplona está o assessor Remy Danton com o pisca alerta ligado. Mas God dammit Remy o que você tá me aprontando, lamenta Underwood, arrancando seus ralos cabelinhos. Ele se esqueceu que tinha pedido para Remy dar uma olhada na papelada do apartamento que Frank e Claire acabaram de comprar. Deu um rolo com a documentação do imóvel — não estavam querendo liberar a escritura porque o projeto original vinha sem varanda gourmet. Remy andou mexendo com a causa por meio de um advogado que joga bola com o pessoal dele num campo de society na Avenida do Estado. As notícias não são nada boas, Frank, pelo jeito vai demorar e ainda tem o recesso no meio do caminho.
Tira esse carro do meio da rua que mais tarde a gente vê isso. Doug Stamper liga de novo. Um adversário político deles acabou de fazer contato através de um oficial de justiça: Ênio Buchard, interpretado pelo ator Carmo Dalla Vechia. Acabara de intimar Doug e também o faria com Frank e Claire. A causa da intimação foi um desarranjo envolvendo uma franquia de uma máquina de estampar camisetas que eles tiveram em sociedade em Peruíbe, litoral Sul de São Paulo.
God dammit, Doug. O que mais falta acontecer nesse jogo de intrigas e pormenores? Claire acalma o marido, hoje eles vão comer fondue na casa de sua irmã, Elisângela. Vamos aproveitar que eles compraram no groupon e já pagaram nossa parte Frank. A gente só passa no posto de gasolina e pega um fardo daquela Skol palito — melhor pegar lá porque já vem gelada e não tem que enfrentar a fila do caixa rápido do mercado.
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House of Cards: Marginal Tietê Season 2 – No Veneno