Quem é o agente que nos delimita – isso, é claro, excluindo nossos próprios medos e o limite bancário do Santander? Qual a fronteira entre o querer ser e o “deixa do jeito que está porque pra quem é até que tá bom”? Somos produto daquilo que nos impede ou, por outro lado, somos nós mesmos quem nos delimitamos com essa Cimentcola Quartzolit™ chamada vida?
Numa época em que o rock foi dado como morto – inclusive li um anúncio de missa de 7º dia dele na Gazeta da Zona Norte esses dias – e que nossos heróis ou estão morrendo de overdose ou fazendo dublagens de personagens de videogame, chega a encher os olhos d’água ouvir (sentir) um som de tamanha originalidade como é o dos rapazes da banda Barra Funda Fighters.
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Formada espiritualmente na cidade Rubião Júnior, distrito de Botucatu (SP), mas materialmente concretizada em São Paulo, capital, em meados de 2010, a nomenclatura do conjunto é, na verdade, uma referência autobiográfica do baixista Marco Souza diante de uma treta violenta registrada no mais famoso terminal rodoviário da América Latina pós-mandato do presidente Carlos Menem. Aliás, “treta” é um vocábulo indo-arábico que acompanha o menino marcolino. No longínquo 2002, por exemplo, em apresentação de sua extinta (e lendária banda) Egg’s Best Friend, responsável por introduzir os termos ska e diapositivo nos municípios com DDD 14, em minha presença, o baixista novamente viu a morte.
À época eu comandava um renomado programa de rock (8 ouvintes) na Pirajuí Rádio Clube e, portanto, resolvi levar esses jovens rapazes skatistas para um show local – sabendo, de antemão, que muitos deles, apesar das manobras, jamais na vida sequer tiveram um skate. Acontece que no meio da apresentação, estourou uma briga pesada, uma manifestação cultural que Pirajuí adorava naqueles tempos. A briga foi tão feia que, para salvar o jovem músico ante a barbárie que ali se desenrolava eu o guardei em um case de guitarra por 5 meses, o que lhe garantiu a sobrevivência – e uma eterna dor lombar que leva minha assinatura.
Os outros dois integrantes são Bernardo Santana (guitarra) e Vini Nosso (bateria).
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Responsáveis pelo rock instrumental de uma qualidade da melhor que está tendo na atualidade, o Barra Funda Fighters vê um crescimento exponencial em sua trajetória, tipicamente independente, marcada por um grande número de shows (como esse realizado no pub Gillan’s e que ilustra a foto de capa), a aparição em trilhas sonoras e a venda de CDs e camisetas. Mas é assim com todo mundo, mesmo no Iron Maiden, o primeiro Eddie era, na verdade, um ex-namorado da irmã de Steve Harris, Cleide Harris.
Palavras são a pior maneira de expressar as qualidades de uma banda sem vocalista. Meu amigo, só digo uma coisa para vocês, curtam esse som. Vem comigo que você passa de ano e ainda troca de namorada.
Ouçam na íntegra o EP Barra Funda Fighters – Barra Funda Fighters.
Curtam os meninos nas redes ditas sociais.
barrafundafighters.com