O ano era 1982 e o Onça Pintor na verdade ainda não tinha essa profissão no seu nome. Era apenas um jovem de 24 anos, passando em frente ao suntuoso Cine São Salvador em Pirajuí.
Havia acabado de deixar um emprego por não gostar do que fazia e, naquele momento, buscava um futuro trabalho e um rumo para a sua vida. Passando naquela fatídica esquina, algo mudou sua história para sempre.
Um trabalhador de pincel nas mãos, escrevia na fachada do cinema as atrações que estariam em cartaz naquele final de semana. O jovem que ali passava parou para olhar e, curioso, começou a observar os movimentos daquele sujeito, as ferramentas, a tinta e a formação de cada uma das letras.
Atento à cena, no lado de dentro do cinema, estava o então gerente geral, o saudoso e magnífico Osires Neves, grande nome da comunicação pirajuiense.
Neves chamou aquele rapaz de canto e pergunto: você está gostando do que está vendo? Não quer tentar pintar um letreiro aqui para a gente?
Pronto. Nascia ali a profissão de letreirista, que carrega há praticamente 40 anos e que, desde então, é o seu sustento. Nascia ali o Onça Pintor.
Fauzi ou Onça Pintor?
Apesar do seu apelido e assinatura “felinos” serem amplamente conhecidos, Fauzi Cotait Filho tem nome forte. Nascido em Jaú, não teve nem tempo de chamar-se jauense: aos dois aninhos de idade veio para Pirajuí. Hoje está com 63.
Filho de Fauzi Cotait e Olga Bertim, está casado há quatro décadas com Renata Araújo, com quem constituiu família.
Tem os filhos e noras Yara, casada com Felipe, e Henyo, com Estefani. E tem os netos Enzo, Murilo e a pequena Sofhya, com dois meses de vida.
“Olha nem sei te dizer como começou meu amor pela arte”, me confidenciou, pois passou a se relacionar com a arte manual, naturalmente, desde o momento em que precisou desse ofício para sobreviver – e assim está até hoje.
Influências
Apesar de autodidata, Onça Pintor teve sim algumas influências na carreira que o fizeram amadurecer em sua arte, seja na cor, estética ou no desafiador ofício de reproduzir as letras nas mais diversas superfícies.
Dentre os profissionais de letreiros pirajuienses que marcaram sua trajetória, se lembra do já falecido Sam, um oriental que, sem a alfabetização na língua portuguesa, desempenhava sua profissão reproduzindo, com extrema fidelidade e capricho, os riscos e formas que lhe apresentavam no papel rascunho.
Acredita que possui um dom concedido por Deus e, desde então, permanece promovendo suas pinturas em muros, bancos, fachadas, atravessando, inclusive, os avanços tecnológicos que esse mercado passou.
“Estou assim até hoje, fazendo, copiando, desenhando, criando”, filosofa.
Mundo digital
A internet deu um novo gás à carreira de Fauzi: seja nas redes sociais, como em seu Facebook, seja em aplicativos como o WhatsApp
No mundo digital, Onça Pintor mostra sua arte, seus bastidores, conversa com seus seguidores, faz propagandas e conquistas novos clientes. Esses dias, após um trabalho mais ousado, nas alturas, teve uma queda grave da escada e se feriu.
O sistema de monitoramento de segurança da loja filmou o profissional se acidentando. Mas ele levou numa boa e chegou a divulgar o próprio tombo, no que centenas de pessoas se dispuseram a se preocupar e oferecer ajuda.
Nos últimos 40 anos, com o coração na ponta do pincel, Fauzi amou e ama Pirajuí, dando-lhe cor, vida e informação. Se você é pirajuiense, COM CERTEZA, já viu e admirou algum trabalho manual desse artista.
Grande Onça Pintor. Figuraça da nossa terra!
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Ana Carina Ramos Carneiro
23/06/2021 — 00:51
Bela e justa homenagem.
Certamente um dom de Deus, potencializado pela disposição e criatividade deste artista, que realmente abrilhanta nossa cidade.
Parabéns Fauzi!
Flávio Bini Bortoloti
24/06/2021 — 12:35
Muito bom o resgate das personalidades pirajuienses que você faz, Marcelo.
Parabéns por isso!
Parabéns pro Onça!
Bela homenagem.