É com grande orgulho que declaro oficialmente inaugurados os esforços da Homem Benigno Música e Armarinho™, divisão específica desta distinta casa digital que abordará aspectos da cultura pop e setor de departamentos em geral.

No post de hoje, o encarregado Mauricio comanda uma audição detida e comentada do novo (tá, saiu dia 5 de novembro, mas eu tenho mais o que fazer na vida né gente) single do Coldplay, Adventure Of A Lifetime.

Conheci o Coldplay quando ele ainda estava mandando uns MSN #naerrada para Gwynelth Paltrow (hoje eles estão separados, graças a Deus, ela estava sofrendo muito). Agora você imagina o que era escrever um cartão para essa mulher sem ter um Google para ir lá colar o nome…

Com vocês, mais uma produção do encarregado Mauricio:

Mas é bom?

Bom, vamo lá. O Coldplay [jogar gelado, em tradução contextual, expressão possivelmente ligada à admiração dos membros da banda pelo esporte de inverno curling] é de origem inglesa, tá no batente há uns aninhos já e toca o que o pessoal costuma chamar de rock. Eu, como não entendo nada disso aí, começarei traçando uma timeline destas que considero as 3 fases bem distintas do grupo:

1996 a 2005

  • banda dos cara bonitinho, olho azul, que tem aquele clipe bem legal que na verdade é uma história ao contrário;

2005 a 2011

  • banda semi cult que flerta com o eletrônico e mexe com umas letras cabeça;

2011 a 2015

  • esses caras ainda não acabaram? pô, tinha certeza de que ouvi falar isso.

 

Esta audição foi feita nas Condições Normais de Temperatura e Pressão (C.N.P.T.), em um ambiente desprovido de iluminação onde todo o foco ficou reservado à música. O suporte tecnológico empregado foi um mini system Aiwa das antigas e um par de fones de ouvido desses branquinhos que acompanham os celulares na caixa – ao contrário do que é dito, são os melhores para a observação precisa das nuances tonais.

 

 

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Por quê a maioria das músicas começa com alguns milésimos de segundo em silêncio, hein? Vocês são entendidões de tudo na internet mas ninguém nunca me explicou isso.

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Aê, agora sim. Esse riffzinho é bem estranho, tem um sabor étnico (não, não me peça pra elaborar) e carrega um apelo dançante. Esses backing vocals também são interessantes, parece aquela música do Rei Leão.

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O baixo e a bateria dão as caras e lembram um funk da Motown ou ainda aqueles acompanhamentos musicais MIDI que alguns cantores de churrascaria botam pra cantar por cima.

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Entra uma guitarrinha que faz lembrar o maestro Chimbinha da Calypso, mas temperada da maneira como todas as guitarrinhas o são depois daquele último álbum do Daft Punk. O vocal Chris Martin dá início ao verso e parece tão empolgado quanto sempre foi: nível Cantata de Natal de animação.

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O pré-refrão é estilo “canta comigo, gente” e vai aumentando a intensidade até cair numa parte mais minimalista, com o baixo marcando o que parece anunciar a morte da canção.

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Mas é claro que ainda não acabou. Pelo contrário, explode o refrão (OK, exagerei aqui, na verdade a pegada é a mesma do verso, mas com a adição daquele riffzinho da introdução), que consiste na repetição de uma frase que eu confesso que não consegui entender. Não sou falante do tal do inglês.

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É pessoal, daqui pra frente vocês já sabem como funciona. O formato verso/pré-refrão/refrão é repetido, neste que a crítica costuma chamar de padrão comercial radiofônico e que eu costumo chamar de MÚSICA NORMALZONA.

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Meus estudos apontam que é mais ou menos neste ponto da música que o ouvinte médio vai concluir que até gostou, mas que poderia estar ouvindo alguma música mais antiga do Coldplay ou de repente mesmo um Flávio Venturini e estaria ganhando mais.

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Nesta seção, a música retoma aquele clima minimalista supracitado e assim permanece por um tempo. Umas palminhas ajudam a manter o clima.

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Aqui Chris Martin, por alguma razão, me faz pensar na bolacha Bono e na banda U2. Sempre que penso nisso sou acometido de súbito torpor que, estranhamente, me leva a fechar os olhos e desliga minha mente, entrando numa espécie de estado subconsciente que não sei categorizar. Preciso visitar um médico, disso eu sei.

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O tema principal faz um retorno, com algumas novas melodias na linha vocal. Talvez essa seja a parte mais interessante da música toda, mas convenhamos que chega um pouco tarde né? Logo entram uns falsetinhos e você já esquece que estava bom.

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De novo aquele caso estranhíssimo do silêncio na faixa. Ainda temos muito a descobrir nesse universo musical.

Bom, a conclusão da Homem Benigno Música e Armarinho™ é concisa: Adventure Of A Lifetime é uma canção regular, com uma pegada funk e disco que diferencia ela de boa parte da discografia da banda. Não espere nada que vá mudar sua vida.
O novo álbum sai no mês que vem, acho, e eu não lembro o nome. Não me olha assim, não tenho obrigação de saber isso e você pode muito bem pedalar sua bike e descolar isso por aí. Ah, e se você gosta mesmo do Coldplay eu recomendaria atenção a essa fase do grupo, já que o Chris Martin tá dando a entender por aí que o fim está próximo e que esse pode ser o último álbum da banda. Quem avisa, benigno é.