Ai ai ai House of Cards, a coisa não anda nada boa para nosso congressista-presidente Frank Underwood. Seu relacionamento com a inabalável Claire está atravessando alguns problemas… Ele disse para ela que iria trabalhar durante o sábado, ia tentar vender (ele faz bico como corretor imobiliário) um lançamento na região do Anália Franco. Excelente metragem, banheiro de empregada, 16 m² de varanda gourmet, piscina com raia semi-olímpica (vão decidir em assembleia se vai aquecer ou não), água e gás individualizados, quadra de tênis (já pensou?). Acontece que, como todo mundo sabe, mentira tem pernas milimétricas e a esposa visualizou Frankie em umas fotos de Facebook de uma ex-colega de pós-graduação, não no empreendimento imobiliário, mas na barraca do Alemão, no bairro Aviação, em Praia Grande, no litoral sul de SP.

Underwood bem que tentou se explicar, dizendo que não era ele, mas um sujeito da galera deles que chamam de “Kevin Spacey da Vila Maria Baixa”, mas não foi suficiente e ele foi obrigado a lhe dizer umas verdades, que ela não o ouve, que mantém um relacionamento possessivo em que Claire mais se parece uma professora de pré-primário que uma esposa e uma série de outras coisas que a psicóloga anotou num receituário.

No fim das contas, ele está com o fiofó nas mãos com medo de um divórcio – o que seria terrível para a audiência do seriado House of Cards Marginal Tietê, exibido no canal 56 do UHF.

Por falar em sinal de TV, o capanga Doug Stamper está putíssimo! Adquiriu por R$ 360 um aparelho “chupa-cabras” desses que liberam todos os canais a cabo possíveis e imagináveis (inclusive esses de putaria, onde 80% da programação é o povo sem vestimenta ao som de saxofones). Ele chegou até a fazer as contas… Por esse valor em o que, uns dois meses? Em dois, no máximo três meses de mensalidade esse aparelho já teria se bancado. Certo né? Certo nada. Com três dias de alegrias em HD, o sinal da tela simplesmente parou, bem no meio de uma conversa entre um bombeiro e uma desamparada dona de casa nua numa emissora pornô (ele estava zapeando os canais quando a imagem congelou bem ali, explicou-se mais tarde). Correu para a internet, tentou saber do que se tratava, ficou completamente perdido nesses fóruns onde o pessoal dizia que ele tinha que atualizar “as sementes” num pen drive para que o aparelho pudesse “florescer” o sinal do satélite. Pouco entendeu. Perdeu a paciência, sacou sua pistola Glock™ da cintura e desferiu três disparos sobre o inerte aparelho. Infelizmente, um dos tiros perfurou não apenas o “chupa-cabras” mas também a laje do apartamento, que ficava em cima de um açougue na região do Jardim Maringá, Zona Leste de São Paulo. Por uma infelicidade do destino, no açougue estava Freddy, comprando suas famosas costeletas de porco que tanto deliciam o presidente. O disparo o acertou em cheio, desperdiçou a vida do simpático churrasqueiro e, ainda, 4 kg de costela.

A veterana de guerra e congressista Jackie Sharp está hospitalizada. Informações do alto escalão dão conta que ela pode estar ou com o vírus zika ou sendo vítima de uma infecção alimentar motivada por um risoles de camarão que ela teria consumido nas proximidades do metrô Armênia. Justo ela que não pode com camarão. Há alguns anos, durante uma excursão a Maceió ela passou tão mal por causa de uma caldeirada de camarões que chegaram a encaminhar seu corpo para necrópsia. Só perceberam que não havia morrido minutos antes de perfurarem seu crânio, ocasião em que ela pediu para usar o banheiro pois estava com diarreia.

A hipótese de ela ter sido vítima do mosquito aedes aegypti também não foi descartada. Já que, recentemente, em um bar na Av. Engenheiro Caetano Alvares ela teria ficado tanto tempo com uma caipirinha de cerveja nas mãos que poderia ter ocasionado o depósito de ovas do insepto.

Frankie está preocupadíssimo com a questão de seu matrimônio. Resolveu levar algumas flores para Claire. Passou na floricultura do cemitério da Vila Formosa, pois ficou sabendo que às quintas-feiras eles trocam o mostruário e, assim, o buquê sai mais barato – R$ 26 o de rosas vermelhas, R$ 20 o de copo-de-leite. Tem outras opções mais em conta, mas da outra vez ficou com um cheiro tão forte que pareciam que eles tinham copiado a série rival Game of Thrones e transado num velório.

Por falar em sexo, nosso congressman resolveu abrir a carteira e caprichar. Ficou sabendo de um motelzinho bem bacana na divisa com Guarulhos a R$ 75 a pernoite com direito a um filé à parmegiana no dia seguinte (parece que está sob nova direção e o sujeito é bisneto de italianos, algo do tipo). Frankie deu aquela enrolada num barzinho ali da avenida Tiquatira porque a pernoite só começa a partir das 22 horas (senão ele teria que pagar R$ 30 a mais).

Sua ideia era se abrir de corpo e alma para Claire. Dizer o quanto ela era seu norte. Agradecer pela sua compreensão (não é nada fácil aturar um sujeito mesquinho e assassino como ele, diz aí). Usar dessa noite como um recomeço, uma aventura romântica que duraria pelo resto de suas vidas. Encostou o carro bem devagar para não raspar o retrovisor. Pediu a suíte Banho de Luar, “vocês passam água sanitária nas banheiras de hidromassagem?”, questionou Claire, a atendente fingiu que não era com ela. Frankie engatou a primeira marcha em direção ao seu paraíso de amor. Aliás… Voltou para o ponto-morto. Xi… Está dando marcha ré… O que aconteceu? Ai caramba, não foi dessa vez, o motel não aceita cartão de crédito da bandeira Elo – o rapaz ficou de habilitar a maquininha essa semana mas a filha dele teve bebê. Sabe como é, Underwood, urgências da vida na metrópole. 

 

Acompanhe também os episódios anteriores:

House of Cards Marginal Tietê #1

House of Cards Marginal Tietê #2