Foi você quem me fez assim

Como é top a história do Papa Francisco

Muito distante dos ornamentos em ouro, tapetes luxuosos e tronos imponentes do Vaticano, a história do Papa Francisco começou muito parecida com a nossa – à exceção do fato de ser na Argentina né… Deus me livre! Ahaha mentira. Meu bisavô morou lá muitos anos! Amo esse povo!

Mas Jorge Mario Bergoglio tinha tudo para ser um engenheiro químico, que inclusive já trabalhava em um laboratório em Buenos Aires, até que recebeu o chamado para ser padre. Aliás, não recebeu. Segundo palavras do próprio, sua carreira na igreja “esteve sempre ali, o esperando”.

Detalhes sobre a trajetória do sumo pontífice estão muito bem narrados na série Pode Me Chamar Francisco, que possui quatro longos episódios e está disponível no Netflix. Aliás, é uma produção original dessa plataforma de streaming que acabou com essa história de o casal sair de sexta-feira à noite para comer. Agora é tudo por telefone.

 

Ditadura

 

Se hoje seu rosto é bastante reconhecido em todo planeta, nem todo mundo tem ideia – pelo menos fora da Argentina – de alguns capítulos de sua longa biografia. E são esses, justamente, os pontos mais polêmicos de sua atuação religiosa.

Durante a ditadura naquele país, que foi de 1976 a 1983, chamados de “anos de chumbo” e com tenebrosos desrespeitos aos direitos humanos, Bergoglio era um dos líderes jesuítas em Buenos Aires e, ao mesmo tempo, reitor do Colégio Máximo de São José.

Nessa época, o religioso teve uma postura contrária às atrocidades como sequestros, torturas e assassinatos registrados no país – algumas pessoas, consideradas opositoras ao regime, chegaram a ser sedadas e arremessadas de aviões no meio do mar. Arriscou sua vida e sua atuação na igreja ao esconder perseguidos dentro do colégio.

No entanto, há uma cobrança sobre ele: diante de sua posição e seus relacionamentos nos altos círculos do poder, essa ajuda teria sido suficiente? Existem acusações de omissão e até cumplicidade com esses acontecimentos.

A história do Papa Francisco
Olha o tanto de coisa linda que esse Papa representa. Pena que está em inglês, não consegui ler.

 

Homem do povo

 

Muito mais que documentar a história do Papa Francisco perante o regime militar argentino, Pode Me Chamar Francisco escancara a proximidade de Bergoglio com o povo, os humildes, os excluídos.

Desde o início ele foi um padre das ruas, das favelas, poças d’água, esgoto a céu aberto, daquelas casas caindo aos pedaços, dos centros comunitários sujos, aquele monte de cachorro sem dono pela rua.

Bateu de frente com o elitismo da igreja naquela época. Está batendo na mesma tecla ainda hoje. Do alto do catolicismo.

Durante sua juventude, até os seus 40 e poucos anos (que na idade de hoje seria uns 30 e todos), Bergoglio é interpretado por Rodrigo de La Serna, ator argentino que fez o companheiro do Gael Garcia Bernal no filme Os diários da motocicleta. Lembra? Aquele que falava do jovem Fidel Castro e sua bike?

Depois de velho, o Papa é interpretado por um ator chileno, Sérgio Hernandez, que vocês vão me desculpar, mas me pareceu ainda mais velho do que o religioso é nos dias de hoje. O tiozinho do casting pisou muito no acelerador.

A história do Papa Francisco
Papa jovem versus Papa velho. Deram uma forçada na amizade na versão idosa, diz ae…

Recordo-me de ter ficado muito emocionado com a aparição do Papa Francisco na Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, em julho de 2013. Pela televisão chorei como se estivesse assistindo ao filme Inteligência Artificial de novo, bem naquela cena que o ursinho androide guardou uma mecha do cabelo (snif).

Posteriormente, em outubro, tive o privilégio de poder assistir ao sumo pontífice em Roma, durante a oração do Angelus, na Praça São Pedro. Foi uma experiência muito forte, tirando o fato que pensei que o horário desse evento fosse às 7h15 – mas tive de esperar, no sol quente, até meio-dia e quinze. Minha esposa, que era minha namorada à época, quase me sacrificou ali mesmo, perto de onde crucificaram Pedro, de cabeça para baixo. Pelo menos me encontrei com o Romero Britto.

Muito mais que a força da religião – e digo isso pois sou católico pra caramba –, há nas palavras do Papa Francisco algo de muito especial, um grau gigantesco de humanidade. Essa série monta as peças que compõem essa figura tão singular, que mistura fé, oração e muito, muito amor ao próximo.

Pode aperta o play, sem dó.

 

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