Foi você quem me fez assim

A trajetória sem igual de Elias Neme

Há uma passagem curiosa que mostra um pouco do peso da trajetória do saudoso Elias Neme, o “Griça” (ou “Grissa”), na história do esporte de Pirajuí.

O ano era, acredito eu, 2002. Meu amigo e professor no rádio, José Wilson Martins, apresentava um Clube Opinião, quadro de entrevistas semanais da Pirajuí Rádio Clube, em dezembro, para fazer um balanço sobre o Panorama Esportivo na cidade, nos últimos 12 meses.

No estúdio da emissora, estava um representante do esporte local, que no momento não me recordo quem era. A primeira pergunta, como se tratava de um programa de retrospectiva, era, simplesmente. “Quem foi o destaque no esporte de Pirajuí” (é claro, que o apresentador se referia ao ano de 2002).

A resposta foi certeira:

– O Elias Neme, o Griça, foi um meio-campo inigualável!

Uma estrela em ascenção

O entrevistado pode ter se equivocado no ano, mas não na estrela. Griça teve uma carreira notável e percorreu grandes clubes de futebol profissional com enorme destaque em campo.

Entre os anos 1950 e 1960, o camisa 10 desponta nos gramados locais, no Pirajuí Atlético Clube e, a partir daí, passa a brilhar em outros clubes.

Atuou em fase excelente do Clube Atlético Linense, à época integrante da primeira divisão.

Para se ter uma ideia do prestígio da transferência, chegou a ser realizado um badalado amistoso entre Linense e Atlético, em Pirajuí, como parte do pagamento do passe do craque.

Jogou e fez história no Noroeste, de Bauru, a “Locomotiva da Noroeste”. Também jogou no XV de Jaú, Operário Futebol Clube, Comercial de Ribeirão Preto, Ferroviária Futebol, Guarani, Ponte Preta.

4 a 1 contra o SPFC

No famoso blog Que Fim Levou?, do Terceiro Tempo do apresentador Milton Neves, o nosso amigo, professor Heron de Souza, que sempre colabora com excelentes informações aqui para este Homem Benigno, também deu detalhes sobre a carreira do Griça.

“Griça teve seu grande momento na goleada do Linense, o ‘Elefante da Noroeste’, por 4 a 1 contra o São Paulo FC, em 1953; jogou muito e foi contratado pela equipe paulistana”, contou.

Aliás, já deixamos claro que a proposta deste artigo não é a de biografar o Elias Neme, pois diante da riqueza de sua carreira, seriam necessárias mais pesquisa e informações.

A ideia é, como sempre, trazer mais uma homenagem (ele já recebeu nome de praça e nomeou o recente campeonato varzeano). Mas, fiquem à vontade para fornecer mais detalhes e correções sobre o texto.

Em recente tributo ao pai nas redes sociais, Calil Neme Neto citou brevemente a trajetória do atleta… Além das equipes já citadas, também complementa que ele chegou a jogar no Corinthians, momento em que encerrou a carreira.

E também traz um outro detalhe que joga, ainda mais, brilho à trajetória desse pirajuiense: Griça fez 3 (TRÊS!) gols contra o Santos de Pelé!

Aliás, é do acervo familiar que reservamos aqui essas fotografias maravilhosas do Griça em campo:

Brincalhão e atencioso

Certamente, não sou da geração do Griça jogador. Quando o conheci pessoalmente, ele já era da equipe do então prefeito Luiz Carlos Serrato, na Prefeitura Municipal.

A primeira conversa que tivemos foi inesquecível: eu já trabalhava na Rádio e fui visitá-lo para uma entrevista segurando um vidro com um escorpião dentro (denúncia de um morador do Jardim Rinaldi, se não me engano)!

Foi, no mínimo, inusitado esse primeiro encontro.

Registro do seu casamento com Santa Eduvirges de Lion Neme. Belo registro!

Sr. Elias sempre foi uma pessoa muito atenciosa comigo, brincalhão e, diante de sua biografia, carregava uma humildade, sempre conversando e dando atenção a todos.

Na última etapa de sua vida, atuou em seu lado empreendedor, conduzindo diariamente o funcionamento do Auto-Posto CNN, na Avenida Orestes Quércia.

Faleceu em 11 de Janeiro de 2015 – para mim, também uma data inesquecível, pois foi no mesmo dia do meu avô José Alderico Daniel, que morava vizinho do auto-posto, curiosamente.

Sorridente, piadista e acessível, às vezes me pegava pensando, que era difícil acreditar que aquela pessoa ali do meu lado, tivesse vivido uma biografia tão espetacular, sob os holofotes dos gramados em grandes times – a carreira dos sonhos de milhões de brasileiros. Eram outros tempos, não é mesmo?

Ou, como disseram aquela vez no programa de rádio sobre o Sr. Elias Neme: uma trajetória sem igual

Em registro mais recente, ao lado da sempre simpática Dona Santa, professora aposentada e figura muito querida na história da Educação em Pirajuí

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