Muito já foi dito, escrito e filmado sobre a socialite Carmen Mayrink Veiga, que faleceu em 2017, aos 88, no Rio de Janeiro – ou seja, não há muito sobre sua biografia que este humilde blog possa colaborar.
O único enfoque que podemos dar, com muito orgulho, é o fato de ela ter nascido em Pirajuí.
Sendo assim, temos algumas conclusões impressionantes.
Carmen Mayrink Veiga foi a única pirajuiense a ter seu retrato pintado por Cândido Portinari.
Carmen Mayrink Veiga foi a única pirajuiense considerada “a pessoa mais chique da América do Sul” pelo escritor Truman Capote, e pelas editoras da Vogue internacional Diana Vreeland e Anna Wintour.
Carmen Mayrink Veiga foi a única pirajuiense a ter poemas escritos em sua homenagem por Carlos Drummond de Andrade e Vinicius de Moraes. Detalhe: no caso da obra deste último, é nela que reside a famosa frase “as feias que me perdoem, mas, beleza é fundamental”.
Carmen Mayrink Veiga foi a única pirajuiense citada na autobiografia do aclamado estilista Yves Saint Laurent.
Carmen Mayrink Veiga foi a única pirajuiense entrevistada por David Letterman.
Bom, vou parar por aqui pois a estrela de Carmen tem brilho infinito – e outras tantas histórias e passagens.
Carmen e o Guaraná Noroeste
Como vocês já devem saber, este Homem Benigno só existe graças à colaboração dos leitores e familiares dos personagens retratados por aqui, não é mesmo?
Após a postagem do esboço original do Guaraná Noroeste, que foi um sucesso com milhares de acessos, a família do pioneiro Manoel Pereira Eça enviou um material maravilhoso para o blog.
Trata-se de um anúncio, na rara e extinta Revista Trânsito editada em São Paulo nos anos 1930, dirigida por José Maria de Barros e que tinha, como linha editorial, mudanças e informações sobre os transportes e mobilidade.
Nesta edição, datada de maio de 1937, há um anúncio mais que especial.
O Guaraná Noroeste, produzido pela então Distillaria Noroeste, do Sr. Manoel, ocupava uma suntuosa página de anúncio na publicação.
A arte é maravilhosa: o famoso índio do cavalinho está voando! Sobrevoando área selvagens e urbanas – seria o Pão-de-Açúcar carioca aos fundos? –, conquistando territórios com a garrafa nas mãos.
O desenho é espetacular e vem acompanhado de uma frase magnífica e intrigante: “Em tempos dominava nas selvas, hoje nas cidades”.
É possível ver nas laterais o endereço da Distillaria, na Rua Campos Salles 927. Corrijam-me se estiver enganado, mas seria mais ou menos naquela esquina próxima à confecção da Ercilia Miazaki?
O telefone é magnífico: 9-1. Fácil de decorar, não é mesmo? Há ainda menção a nossa Estrada de Ferro Noroeste e Pirajuí, é claro, ainda era Pirajuhy.
Mas onde entra a Carmen nessa história?
Conversando com familiares do Sr. Pereira Eça, que são hoje em dia os mantenedores do rico acervo da família, soube de algumas curiosidades sobre a estratégia comercial do famoso guaraná.
Numa época em que a gigante Antarctica, hoje Ambev, ainda não operava com força total no Brasil, o empresário pirajuiense enxergou ali uma grande oportunidade expansão.
O Guaraná Noroeste partiu com força total para outros mercados e até Estados. Daí se explica, ao que tudo indica, a forte campanha de marketing na revista de grande circulação da Capital.
Numa dessas viagens, mais especificamente para o Estado do Mato Grosso, a equipe de divulgação do Sr. Manoel contava com um reforço.
Uma jovem, filha do casal Enéas e Maria de Lourdes, acompanhou o empresário para ajudar na missão de promoção do produto.
A garota era Carmen Solbiati que, no futuro, após se casar com o marido Tony, passou a assinar com seu sobrenome: Carmen Mayrink Veiga.
O tempo passou, o mundo deu muitas voltas e o que aconteceu depois dessas passagens, todos nós conhecemos, não é mesmo?
(Agradeço a família Pereira Eça e Inforzato pelo material e informações enviados. Abaixo, mais alguns registros do Sr. Manoel ao lado da esposa Januária e filha; e um registro em Portugal, ao lado das irmãs e sobrinha)