Foi você quem me fez assim

Bepe Lopes, o guaraná Brasil e a caninha Yeda

Em um raro momento de estrelas pirajuienses reunidas, o saudoso Naum Alves de Souza (1942 – 2016), diretor, cenógrafo, figurinista, artista plástico, dramaturgo e professor brasileiro, que elevou o nome de nossa cidade às alturas, escreveu uma crônica encomendada por outro brilhante conterrâneo, o jornalista, editor da Veja São Paulo e especialista em gastronomia, Arnaldo Lorençato.

Nos anos 2000, Lorençato era editor do extinto diário econômico Gazeta Mercantil. Na crônica, Naum começa da seguinte maneira:

“Quando era pequeno, reinava absoluto em Pirajuí, no interior de São Paulo, o Guaraná Noroeste (provavelmente, até Carmen Mayrink Veiga o bebia, pois nasceu lá), do Bepe Lopes“.

Não há mentiras na frase do gênio criativo, apenas alguns desencontros de informação. O Guaraná Noroeste era (e é ainda) uma paixão local, sim, mas pertencia ao Pereira Eça.

Já o concorrente, Guaraná Brasil, esse sim, era da empresa do José Rodrigues Lopes, o supracitado Bepe Lopes.

Sentados: Adalberto de Mello Rocha (o “Corintiano”), Cunha e Bepe Lopes. Em pé: Motta e Sebastião Guimarães. Raridade! Acervo: Rute Rocha Duarte

Figura popular na sociedade e, até mesmo, entre o meio político, foi o fundador e proprietário por muitos anos da Fábrica de Bebidas São José, de Lopes Rodrigues & Cia. Ltda. Localizada na Rua Voluntário Silvano de Lima, bem próxima ao Estádio Municipal Francisco Nazareth Rocha – onde hoje, se não me engano, é a serralheria do Celsinho Vianna.

Não sei ao certo dizer quando foi encerrada a produção do Guaraná Brasil, mas o que se ouve comentar por aí é que era, tal qual o conhecido Noroeste, uma bebida sensacional.

O rótulo foi muito popular à época e chegou a ser o patrocinador do programa Pequenópolis, transmitido pela então Rádio Pirajuí, quando a estrutura da emissora funcionava na Rua 9 de Julho, porém, no prédio que hoje é a Agropec Miack.

Ou seja, estamos falando de algo entre os anos 1940 e 1950, correto? Pois pouco tempo depois a emissora já foi transferida para outro prédio.

Caminhão que fazia a entrega da Caninha Yeda. Raridade cedida pela família Formagio/Santarosa

Bepe Lopes e Caninha Yeda

Bepe Lopes não produzia, apenas, o Guaraná Brasil, também era de sua produção e engarrafamento a Caninha Yeda.

A bebida alcoólica produzida pela São José também ficou famosa – ainda hoje, é possível encontrar na internet colecionadores procurando o rótulo da Caninha Yeda em páginas como o Mercado Livre, por exemplo.

Um antigo funcionário da fábrica, que ali trabalhou ainda jovem, é o já falecido João Formagio. Inclusive, parte das relíquias que hoje estão neste artigo, fazem parte do acervo da família Formagio/Santarosa, a quem agradeço imensamente.

Rótulo intacto da Caninha Yeda. Acervo família Formagio/Santarosa

Além do rótulo intacto da bebida, Formagio guardou com muito carinho uma fotografia do caminhão que fazia as entregas.

Outra curiosidade, um pouco mais recente, quando a fábrica de bebidas passou à propriedade de João Marques da Silva, recebendo o nome de JOMASIL, são as fórmulas anotadas das bebidas.

Preservadas com muito carinho pelo então funcionário, que passou a evoluir na carreira dentro da firma, estão as receitas de ingredientes e químicas que faziam parte da composição de cada um dos produtos. Uma raridade!

Yeda, aliás, que dava nome à bebida, é a filha do Bepe Lopes, Yeda Golmia, esposa do Samir Golmia, hoje residentes em São Paulo, capital. Aliás, à família Lopes e Golmia: por favor, sintam-se à vontade para correções e mais detalhes sobre essa maravilhosa história, será uma honra para o Homem Benigno.

Um brinde, com o Guaraná Brasil para celebrar a história de Pirajuí!

Foto de 1954: Da esquerda para direita, Otaviano Valadão de Freitas, Bepe Lopes e Francisco Nazareth Rocha. Acervo: Vera de Freitas Santini
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