Foi você quem me fez assim

Fotos raras e maravilhosas da família Rizzo em Pirajuí

Tudo começou com o Isaías Dantas, o querido “Isaías da Caixa”, me enviando, na noite do domingo, algumas fotos da casa das Irmãs Rizzo, na esquina das ruas Riachuelo e a que homenageia o Voluntário da Revolução de 1932, Benedito Pimenta.

As imagens faziam um “antes e depois” daquela residência que muitos chamam de “casinha de boneca” – e que por tantos e tantos anos marcou a história de Pirajuí. Resolvemos postar no Facebook, Instagram e WhatsApp (se ainda não entrou, entre aqui no nosso grupo) do Homem Benigno, em forma de homenagem.

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Milhares de pessoas já viram as fotos da casa e centenas já se manifestaram, falando não apenas da residência histórica, mas principalmente, dos seres humanos que ali viviam.

Linda foto da fachada com lendária árvore frondosa. Seria um jasmim-manga? Quem lembra?

A família Rizzo em Pirajuí

Não é incorreto afirmar que, ao falar da família Rizzo, estamos tratando com uma das famílias fundadoras de Pirajuí. Assim como tantos outros imigrantes desbravadores, o sobrenome já aparece nos primórdios da história do município.

Exemplo disso é o grande patriarca, aqui retratado em rara imagem, Aníbal Rizzo. Pelo que consta, provavelmente ainda nos anos 1920 e talvez 1930, ele ocupara um cargo importante para aquela cidade ainda em formação – fora vice-delegado.

Aníbal Rizzo, o vice-delegado
Aníbal Rizzo, o retrato do vice-delegado (anos 1920 ou anos 1930)

A famosa casa desse artigo, acredito, já existia nessa época. Como relembra o meu amigo Paulo Miranda, sobrinho da família Rizzo, sua saudosa mãe, Dona Lolita, contava que, para chegar até a casa das tias, era preciso abrir porteiras!

Junto com a construção, uma personagem quase tão famosa quanto a residência, uma linda árvore frondosa, que o próprio Aníbal trouxe a muda, para enfeitar a fachada. Seria uma quaresmeira? Seria um jasmim-manga? Simplesmente inesquecível.

A matriarca, Ana Albertina Rizzo, teve seis filhos.

Petita ao lado da matriarca Ana Albertina Rizzo

Os filhos da família Rizzo

A filha Iracy Rizzo é uma personagem muito lembrada por toda uma geração de pirajuienses. Talvez não por esse nome, mas pelo carinhosa apelido: Petita. Ao seu nome, está vinculada uma sabedoria praticamente inexistente nos dias de hoje – no chamado ensino Clássico, ela era professora de Latim!

O professorado também marcou a trajetória das outras duas irmãs Irancy e Irandy Rizzo. Em especial, em um local que era cheio de estudantes à época, e que marcou a vida de alunos ao redor de todo o Brasil – a Usina Miranda.

Na escola da Usina Miranda (vocês já viram as fotos do prédio? Não é possível sequer chamar a construção de “escolinha”), elas ajudaram na formação de centenas (e talvez milhares) de alunos, numa época em que o local era amplamente povoado.

As irmãs Irancy e Irandy Rizzo, professoras

Outro assunto marcante relacionado à casa era… o Piano! Sua proprietária e condutora era a irmã Irani Rizzo, a pianista! Apaixonada pela música, como recorda-se Miranda, em festas de aniversário, após a sempre cantada “Parabéns a Você” importada dos Estados Unidos, emendavam a versão, linda versão, brasileiríssima, de Villa Lobos e Manuel Bandeira. Tão cultas que sempre foram, certamente sabiam da passagem de Villa Lobos por Pirajuí.

A paixão pela música também selou uma famosa amizade da família Rizzo com o então jovem Chauki Madi, pirajuiense que viria a ser mundialmente conhecido pelo seu nome artístico: Tito Madi!

A proximidade com a família teria, inclusive, gerado uma proximidade com a linda sobrinho, “Ceminha”, que, reza a lenda, teria sido inspiração para uma famosa canção de Tito.

Dona Irany Rizzo, a pianista.

Outra história sempre relacionada às irmãs Rizzo era a sua proximidade com outro patrimônio de Pirajuí, o restaurante Castelinho. Como lembra o querido Carlos Cury, durante 20 anos, elas foram clientes diárias do estabelecimento. Ao término de cada mês, apesar da constância e fidelidade, faziam questão de trazer rigorosamente anotado tudo o que fora consumido. “Como nunca marcávamos nada para elas, a resposta era, a palavra de vocês é lei para nós. Sempre nos colocava em sua orações. Quando já apresentavam dificuldade no caminhar as trazíamos e as levávamos até sua casa de boneca”, lembra Cury. As Rizzo também fazem parte da biografia do restaurante.

Outra lembrança também me emocionou muito. A inesquecível Dona Sônia Hazar de Camargo, quando proprietária da locadora Marcos Video Som, também na Riachuelo, também tinha um carinho especial pelas irmãs, como lembra a ex-funcionária, minha amiga Joice Grivol. Quando as simpáticas senhoras desciam a pé para o Castelinho, religiosamente todos os dias, como se fosse um relógio – era hora de almoçar!

Outra irmã era Iraí Rizzo de Oliveira, mãe de 9 filhos, que residiu a maior parte da vida em Duartina (SP).

Iraí Rizzo de Oliveira, pianista, mãe de 9 filhos, residia em Duartina

O filho homem

O único homem entre as cinco mulheres era Ari Rizzo, professor, extremamente conhecido pelo seu trabalho na E. E. Alfredo Pujol.

Casou-se com outra personalidade da educação pirajuiense, a professora do Olavo Bilac, Maria Conceição Germano Rizzo, conhecida como “Ceiça”, que hoje dá nome à simpática Emei do Jardim América. O casal contribuiu muito com o processo educacional na cidade, pois juntos desenvolveram a escola de curso preparatório para o ginásio, uma exigência da época.

Professores Ari Rizzo e Maria Conceição, a “Ceiça”

Essas foram reminiscências sobre família Rizzo em Pirajuí, gentilmente cedidas pela filha do casal Ari e Ceiça, a psicóloga e psicoterapeuta Anna Rizzo, que deixou a terrinha ainda jovem para construir uma consolidada carreira na Capital (SP). Hoje, vivendo em Mogi das Cruzes (SP), teve um tempinho na sua disputada agenda de consultas online para fornecer essas preciosidades de nossa memória afetiva.

É irmã do já falecido estilista Paulo Rizzo, talvez um dos mais talentosos personagens da nossa história. Uma figura que, em breve, vamos trazer em mais detalhes aqui neste Homem Benigno.

“Faleceram todos da minha família, com os quais vivi até meus 18 anos em Pirajuí. Sou a única moradora da família Rizzo que sobreviveu”, lamenta Anna. Mas percebo que é um lamento que carrega, também, um orgulho.

A família Rizzo é um patrimônio de nossa trajetória como município. Lembrada com carinho, saudades e orgulho pelos conterrâneos. Mais que prédios, a história de uma cidade é feita pelos corações que ali residiram.

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