Foi você quem me fez assim

Bombeiro de Pirajuí foi herói no incêndio do Edifício Andraus em 1972

Na madrugada de hoje, o Brasil e o mundo pararam para acompanhar, com tristeza, o grave incêndio seguido de desabamento de um prédio comercial de 24 andares no Centro Velho de São Paulo, próximo ao Largo do Paissandu.

As cenas de fogo e fumaça que cortam o céu e o concreto da metrópole trazem à memória outros dois casos de tragédias paulistanas: o incêndio do Edifício Andraus (1972) e, também, do Edifício Joelma (1974).

O que nem todos sabem é que, no primeiro caso clássico, entre os heróis que conduziram o salvamento das vítimas, está um filho de Pirajuí.

Um pirajuiense no salvamento no incêndio do Edifício Andraus

O incêndio do Edifício Andraus começou pouco depois das 16h em fevereiro de 1972. O prédio de 30 andares reunia importantes escritórios como Petrobras e da Shell e tinha mais de 1 mil pessoas em seu interior na hora do fogo.

De maneira cinematográfica (esse caso merecia um filme, viu!), bombeiros e policiais militares, utilizando helicópteros e os poucos helipontos de São Paulo, conduziram o resgate pelo topo do prédio.

Após a tragédia, 16 pessoas morreram. No entanto, o ato de bravura dos pilotos e policiais foi responsável pelo salvamento de mais de 700 vítimas!

Entre os integrantes do salvamento estava o Coronel Caldas, nosso conterrâneo. Leiam o que diz o Museu da Polícia Militar de São Paulo sobre o oficial do Corpo de Bombeiros, à época capitão:

Hélio Barbosa Caldas, nasceu em Pirajuí no Estado de São Paulo, em 20 de dezembro de 1934, ingressando na Força Pública do Estado de São Paulo em 10 de fevereiro de 1955, sendo declarado Aspirante a Oficial em 15 de dezembro de 1959″.

O pirajuiense era filho de Eloy Ferras Caldas; e Leonor Barbosa Caldas.

Caldas recebeu inúmeras condecorações durante a carreira – era um profundo conhecedor das técnicas dos bombeiros. Morreu em São Paulo, em 1999, no Hospital Cruz Azul, instituição de saúde ligada à Polícia Militar.

Incêndio do Edifício Andraus
Sequência do salvamento durante o incêndio. Foto: Agência Estado

O herói pirajuiense em ação

Durante o fogo, a ousadia do resgate esteve ligada aos pilotos e o uso de helicópteros e helipontos. À época capitão, Caldas comandou e orquestrou a ação junto a outros agentes – todos eles tiveram seu nome gravado na história.

Por alguns policiais que testemunharam o incêndio, nosso conterrâneo era chamado de “O Pai do Salvamento”.

O trecho abaixo também faz parte do acervo do Museu da Polícia Militar:

Apesar da dimensão da catástrofe, Caldas como verdadeiro Comandante, postou-se à frente de seus comandados realizando inúmeros salvamentos com a utilização de técnicas nunca antes vistas ou utilizadas, criadas por ele próprio.

As atitudes o consagram internacionamente com o prêmio “PILOTO DO ANO”, concedido em Las Vegas nos EUA, pela Federal Aviation Admistration.

Após a tragédia e as inovadoras técnicas utilizadas, novos procedimentos foram implementados em toda a atuação do Corpo de Bombeiros. Mudanças também foram feitas na estrutura de segurança dos edifícios – e novos helipontos foram autorizados e providenciados por toda São Paulo.

Mais um pirajuiense que nos enche de orgulho. Em dias como o de hoje, em que vivenciamos uma tragédia como essa, exaltamos a braveza dos bombeiros. GRANDE Coronel Caldas!

Incêndio do Edifício Andraus
Segundo da esquerda para direita, Coronel Caldas tempos depois, recebendo nova homenagem pelo seu ato heróico. Foto: Rivaldo dos Santos

 

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A história do salvamento está brilhantemente contada neste excelente post do Coronel Eduardo Beni, de onde foram extraída, também, algumas das imagens.

O Semanário O Alfinete trouxe, no início dos anos 2000, reportagem de capa completa sobre o bombeiro Caldas, o Herói Pirajuiense do Incêndio do Edifício Andraus. Com pesquisa dos saudosos Marcelo Pavanato e Piter Pereira, foi um grande sucesso!

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