Lembro com muito carinho de uma história envolvendo conhecidos meus. O rapaz, jovem e altivo, tinha certa semelhança com o astro sertanejo Gusttavo Lima – cabelo espetado, musculoso, tatuagens, cavanhaque e a própria estatura. 

Era fã do cantor, até arriscava uns acordes no violão. Certo dia, sua esposa estava em um hospital no interior, fazendo um procedimento estético simples. E ele ficou de ir buscá-la na clínica. 

Assim que ele abriu a porta da ala do hospital – cabelo no gel-cola, camisa colada, cinto de fivela, calça justa agarrada –, a desavisada faxineira do local soltou o esfregão encharcado no chão e, aos prantos, gritou:

– Meu Deus! É o Gusttavo Limaaaa!!!

Foi um auê. Enfermeiras desceram as escadas, pessoas em cadeiras de roda e até mesmo arrastando o suporte do soro correram para ver. Médicos brasileiros e cubanos se perfilaram para notar o astro rei.

– Ele é desses artistas que vêm visitar os hospitais!

Só que assim que proferiram essa frase, acho que meio que caíram na real. Aquele era um hospital pequeno e particular – não fazia sentido esse holofote todo. Não havia câmeras ou assessores ao seu lado.

Enfim, resolveram olhar um pouco melhor para o seu rosto. Não, não era o Gusttavo Lima – era o marido-visitante da jovem do quarto 34 ala B. 

A volta da moda das pulseiras masculinas

Tenho certeza que não é a primeira vez que você nota essa situação. 

Sim. Elas voltaram. Estão se acumulam no pulso de Marcos Mion (e esse é um termômetro e tanto da nossa sociedade).  Invadiram o Instagram – seja nos usuários seja nos malditos anúncios patrocinados.

Há mais ou menos uns vinte anos essa moda estava presente, introduzida pelos rockers – mas eram mais largas.

Colocávamos nossas camisetas com estampas espertinhas e nossos braceletes nos punhos e descíamos a Rua Augusta da época da Pornopopeia, do Reinaldo Moraes – eu agia como um Conan moderno, mas estava mais para um auxiliar de estocagem da rede Makro, com seus EPIs.

Lembro de meu pai ter me visto com os braceletes e ter perguntado: “isso daí vê a hora também. Por que você usa”? 

Era a pós-modernidade, pai. 

O adereço retornou em uma versão upgrade: já não é mais aquela correntinha velha, encardida, costurada por hippies naqueles lençóis com as cores da Jamaica nos calçadões da vida. 

Elas estão em couro (preto e marrom). Com pequenas fivelas de metal, crucifixos, orações inteiras – a minha tem um Pai Nosso de cabo a rabo, a da Salve Rainha tem que ser um cara mais musculoso para poder usar pois é muito comprida. 

Outro detalhe bastante intrigante é o fator cumulativo. Não basta uma pulseira masculina, agora são várias, amontoadas, diversificadas, compondo uma verdadeira munhequeira no cidadão. 

Isso sem falar do preço: cada uma dessas custa, em média R$ 30, se estiver quase de graça.

“Ah, mas é couro”. Deixa o couro saber disso. 

Vi na internet um combo que reúne três dessas por R$ 99. Por esse valor eu prefiro comprar uma pizza de mussarela na Mooca (sem borda recheada, se não fica R$ 7 a mais).

Que Deus nos abençoe nessa jornada. 

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