Foi você quem me fez assim

Ogawa: onde estará o homem mais forte de Pirajuí?

Na febre das academias de ginástica em Pirajuí, que na minha mente coincide com a inauguração da RH Fitness, pelo Rigobelo e a Heloísa, ainda nos anos 1990, a molecada passou a se dedicar muito nos treinos de musculação.

Naquela época, alguns amigos próximos começaram a ter foco total na malhação – só falavam disso, só se alimentavam pensando nos músculos e acompanhavam, dia a dia, a evolução diante dos pesos.

Foi nesse momento que fiquei conhecendo uma lenda. Essa galera toda, dentre eles me lembro mais dos irmãos André “Carpã” e Alessandro “Abobrão” Lima Barbosa, o Carlinhos, entre outros, falavam 24 horas por dia sobre um tal de “Gava”.

Gava. Era assim que eles pronunciavam esse que era uma lenda viva. Fisiculturista do passado da cidade, atingiu músculos inacreditáveis, fez uma legião de seguidores, construiu os próprios aparelhos, isso nos anos 1970! Ele era O cara.

Mas, de repente. Sumiu. Em determinado momento da sua trajetória, ele deixou Pirajuí. A molecada da minha época ficava requentando essa fama, sem ter muitos detalhes de onde ele estaria.

Foto de seu arquivo pessoal, no Gigantão, em Pirajuí, no ano de 1984 – cabelo comprido e bigode

Quem é Edson Ogawa

Sem ter as informações biográficas necessárias, a galera toda prestava homenagens e seguia os passos de Edson Ogawa, que hoje, aliás, que desde os anos 1990, reside em Rondonópolis (MT).

Um detalhe nessa história não mudou: Ogawa ainda é um monstro! Aos 65 anos, preserva o fisiculturismo e o culto à vida saudável como nortes em sua caminhada.

Aliás, foi o que fez durante praticamente toda sua jornada. Assim que chegou em Rondonópolis, abriu uma academia que já existe há 25 anos, a Marathon.

No início deste ano, Ogawa ganhou uma bela e merecida homenagem pelo jornal digital O Livre, de Cuiabá. A reportagem, assinada pela jornalista Karina Cabral, traz um completo perfil do nosso conterrâneo, com belíssimas fotos do acervo pessoal do atleta – algumas delas, estampam este post.

Foto clássica que todos fazem ao visitar Pirajuí, na linha do trem da Noroeste do Brasil. Na ocasião, Ogawa passava férias na cidade

O menino franzino de Pirajuí

Ogawa nasceu em Pirajuí na década de 1960, descendente de família oriental.

Aos 12 anos, era um menino magro – o que lhe incomodava bastante. Foi aí que, apesar da pouca idade, passou a se dedicar a musculação.

Sem internet nem o excesso de informações dos dias de hoje, o pequeno atleta buscou conhecimento em livros e revistas. Um ano depois, já estava construindo, sozinho, seus aparelhos para os exercícios localizados.

Os resultados começaram a aparecer e, a partir daí, em todos os sentidos, foi só crescimento!

Não era uma atividade solitária, outros pirajuienses passaram a entrar na onda da malhação de Ogawa. Um deles, que sempre comentam, é o Bentão – também um dos “gigantes” do fisiculturismo local.

Bentão, pelo que eu soube, vive há muitos anos em Bauru.

Essa era a turma deles entre os anos 1970 e 1980. Uma das imagens desse artigo, inclusive, mostra o Ogawa cabeludo, de bigode, em uma apresentação que, ao que tudo indica, era no Ginásio de Esportes Satílio de Lima, o Gigantão.

Passagem sensacional de Ogawa pelo Telecatch, as lutas livres que apaixonaram a nação nos anos 1970 e 1980. Detalhe para o golpe sendo desferido!

A fama de serem os fortões da cidade, é claro, fomentava até algumas histórias – não sei se verídicas. Talvez o próprio Ogawa e Bentão possam nos confirmar, ao lerem este artigo.

Uma delas, teria acontecido na Praça Dr. Pedro da Rocha Braga, o Jardim. Houve um desentendimento e, pelo que contam, uma rapaziada da zona rural, altos e fortes, que esperava o ônibus ali na região, estaria cercando um amigo de Ogawa, solitário – pelo jeito era por causa de uma namorada, algo assim.

O fisiculturista chegou a tempo para defender o amigo – mas, pacifista que era, não precisou partir para a violência. Em posição com as costas arqueadas, agarrou um dos bancos de concreto (!!!) do Jardim e, fazendo força, levantou a estrutura do assento mais ou menos uns 10 cm.

Foi suficiente para a rapaziada correr para não perder o ônibus!

Enfim, verídicas ou não, são histórias que ganham ares romantizados com o passar dos anos.

Estilo de vida

Ogawa pesa mais de 90 kg e tem apenas 6% de gordura. Treina de segunda a sábado, há 53 anos.

Na sua carreira no fisiculturismo, acumula 45 títulos!

Fez história, também, no braço de ferro, categoria que praticou muito quando viveu em Bauru.

Até pela febre do Telecatch ele passou, atuando em espetáculos de luta livre dentro do ringue. Aliás, por falar em luta, também desenvolveu treinos específicos para lutadores de MMA, como a mundialmente conhecida atleta do UFC, Cris Cyborg.

Em Rondonópolis vive com a esposa, três filhos e uma neta de 10 anos. Ele ainda tem familiares em Pirajuí.

Grande, Ogawa! Lenda viva!

Da época em que treinou a lutadora de MMA, Cris Cyborg

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