No final do ano de 1960, a edição número 592 da extinta Revista do Rádio trazia a notícia do casamento de Tito Madi em destaque nas páginas internas.

Por Cr$ 15,00 (dinheiro da época), os fãs – ou, como ressalta a matéria, principalmente, “as” fãs – do mais ilustre filho de Pirajuí, ficariam sabendo que o influente (e galã) artista do período pré-bossa nova da MPB havia, como diz a revista, “finalmente, encontrado o amor da sua vida”.

Tito Madi, como já disse por aqui, o nosso herói pirajuiense, nos deixou em setembro do ano passado, aos 89 anos. Sua esposa, a bela Lúcia Maria, faleceu bem antes, em março de 1993, aos 54 de idade.

No entanto, a influência da esposa em sua vida e obra seriam marcantes. O nome da companheira era sempre exaltado e lembrado em fotografias, entrevistas e declarações diversas. Da união, o casal teve os filhos Ricardo e Carmem.

Hoje o Homem Benigno vai voltar no tempo para tentar trazer um pouco do clima de agitação com que o show business tratou o casamento de Tito Madi.

O olhar apaixonado entre Tito Madi, fazendo o que fazia de melhor, e Lucia <3

Uma foto antes do casório

Ao melhor estilo das revistas de fofocas e celebridades, a publicação comemorava o anúncio com exclusividade do casamento de Tito Madi com a sua noiva, Lucia Maria Hemais (que, posteriormente, passou a assinar com o sobrenome do artista).

Além da notícia, a reportagem da Revista do Rádio exaltava um feito: era a responsável pela primeira fotografia oficial do casal, antes do casamento.

O casamento aconteceu no início do ano seguinte: em 21 de Janeiro de 1961, na igreja de Santo Inácio, no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro (RJ).

Igreja de Santo Inácio, em Botafogo – templo foi escolhido por ser o local das confissões de Lucia

O primeiro encontro

Como é de se imaginar, tirando o breve período em que jogou (muito bem!) futebol e trabalhou no rádio, certamente todas as fases da vida de Chauki Maddi foram marcadas pela música.

Não foi diferente com o primeiro encontro com Lucia. O cantor era residente em uma boate chamada Little Clube, na Urca. Um tio que conhecia o artista resolveu levar a sobrinha, que já era fã de sua música, para assistir à performance e conhecê-lo pessoalmente – era uma noite quente de outubro, em 1957.

O resto, bem, todos nós conhecemos.

Além da admiração pelo artista, um detalhe biográfico e, certamente, bem pirajuiense, do cantor influenciou no relacionamento dos dois.

Lucia Maria, de sobrenome Hemais (o pai já era falecido), também era descendente de sírios, assim como Tito, que era fruto da numerosa colônia que se estabelecera em Pirajuí e região.

“Ficou desde logo estabelecida uma certa afinidade que, com a convivência, se tornou maior ainda, até que mais tarde decidimos ficar noivos”, relatou a apaixonada Lucia.

O casal ao lado da sogra de Tito – segundo consta na matéria, era “sua fã número 1”

Detalhes da cerimônia

A igreja de Santo Inácio foi escolha da noiva – o casamento de Tito Madi foi ali realizado pois, católica, era o lugar onde a moça costumava fazer suas confissões.

A cerimônia do casamento civil aconteceu na Rua Xavier da Silveira, em Copabacana.

Um detalhe interessante – e que, para mim, foi uma surpresa – é que o padrinho religioso de Tito foi o jornalista, apresentador e produtor musical Roberto Côrte Real. Lenda da história da comunicação e da música brasileira, foi responsável por lançamentos importantes de Roberto Carlos, Cauby Peixoto e, é claro, Tito Madi, com quem estabelecia uma relação de amizade e admiração.

Lendário: comunicador e produtor Roberto Côrte Real foi padrinho de casamento de Tito

Os outros padrinhos do pirajuiense foram seus familiares, o tio Adib Adas e esposa; o primo Dr. José Kauri e esposa.

A lua-de-mel dos pombinhos durou 45 dias, com uma excursão pelo “interior do Brasil”. Ao retorno, eles passariam a residir no Leme, no apartamento que Tito havia acabado de comprar e que estava em reforma.

Nas fotos, Lucia tinha 21 anos e uma intensa beleza que acompanhava sua elegância – era estudante de inglês no Instituto Brasil – Estados Unidos.

Tito Madi já era um artista conhecido e, aos 31 anos, colhia os frutos daquilo que buscava desde menino, quando abandonou os campos de futebol e as ruas da Estiva Grande e de Pirajuí, perseguindo um sonho musical muito maior.

No seu rosto, a alegria de quem estava prestes a se casar com o amor de sua vida. Nas poucas vezes que estive ao lado de Tito Madi nos últimos 20 anos, a cada citação do nome de Lucia, era exatamente esse olhar de intenso paixão que ele reproduzia.

Tito Madi, infinito!

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