Acostumado apenas com o trabalho rural, o pioneiro de Pirajuí, Luiz Santarosa, teve de fazer um discurso durante uma homenagem, em 1961.
O motivo era nobre, recebia da Câmara Municipal o título de “Cidadão Honorário de Pirajuí”. Isso porque Santarosa viera de Jardinópolis (SP), nos primórdios da cidade que ele, literalmente, ajudou a construir.
No evento de gala, o agricultor completava 50 anos de sua chegada no município, ou seja, em 1911, quando ainda não tinha acontecido a famosa “manhã de sol, de 1915”, como nos versos escritos por Paulo Alcestre da Cunha, o Piatã, no nosso lindo hino.
O evento da homenagem aconteceu na Sede Cristo-Rei, que à época era o auditória da Rádio Pirajuí, que ainda não havia se mudado para os demais endereços.
Luiz Santarosa, o pioneiro
Além de figurar na cidade quando os primeiros traços do município se formavam, a forte influência de Luiz Santarosa esteve na potência agrícola que era Pirajuí.
Em uma época em que o café era a grande locomotiva do Estado, em que a cidade chegou a receber o título de Maior Município Cafeeiro do Mundo, Santaroza foi, por mais de 15 anos, um dos gestores de uma das principais companhias produtoras da localidade.
O título a ele concedido era algo novo na sociedade – ele foi apenas o terceiro a receber isso na recente história do município. Antes dele, o Dr. Jorge Meirelles da Rocha e o Dr. Lauro de Souza Alves haviam recebido.
A ideia da homenagem partiu dos vereadores, que tinham na presidência um jovem Waldemar Pfeifer.
Dentre os nomes que sugeriram o título a Luiz Santarosa, estavam os professores Lazaro Fagundes e Oswaldo Marangon, Aziz Tuma, Francisco Grejo, Mario Aciuti e Jaime Soares.
Luiz Santarosa, o católico
Além de ser conhecido como pai de família e homem da sociedade local, o imigrante italiano tem seu nome ligado, principalmente, ao catolicismo.
Guiados pelo pioneiro, os demais agricultores italianos eram organizados e incentivados ao fortalecimento da igreja católica no jovem município.
Mas apesar de ser um humilde homem do campo, tinha ambições visionárias para o tema da religiosidade. Numa época em que a cidade contava, apenas, com a linda igreja matriz de São Sebastião (aqui neste link você conhece melhor sua história), Santarosa quis ir além.
Uniu toda a comunidade italiana local, arrecadou fundos, mobilizou autoridades e, assim, constituiu-se como o principal incentivador da construção da igreja de Nossa Senhora Aparecida de Pirajuí, hoje Santuário.
A primeira missa foi celebrada no local no ano de 1938. O sonho de Santarosa estava realizado… opa! Ainda tinham outras etapas pela frente.
No final dos anos 1950, o italiano abre as portas de um de seus imóveis para o genial artista plástico italiano, Antonio Maria Nardi (1897-1973).
Entre os anos 1958 e 1959, ele foi um morador pirajuiense durante a produção dos 21 murais e 14 afrescos que, até hoje, enchem os nosso olhos com beleza e emoção.
Conheça aqui um pouco mais da história das belas pinturas do Santuário de Nossa Senhora Aparecida.
O discurso emocionado
No auditório da Rádio Pirajuí, diante de diversas autoridades presentes, Luiz Santarosa fez um emocionado discurso.
Na presença de nomes como o prefeito Sergio Piza, o vice-prefeito Elias Aruth, a professora Yola Manso da Costa Reis, diretora do então Iedap (hoje Pujol) (nossa centenária pirajuiense!!), o professor Raul Foss, diretor do Piza e o Capitão Aviador Antonio Nalin Vespoli e o padre Adão Bombach.
Aqui estão os principais trechos do discuros de Luiz Santarosa:
” Sou um homem simples, acostumado a lidar com a terra, jamais imaginei que um dia tivesse que falar em público, perante as pessoas mais representativas dessa cidade”
Luiz Santarosa
“Minha vida sempre foi dedicada a cuidar da minha família e da minha lavoura, respeitando a lição de meus pais: agradecer sempre a Deus pelas bençãos recebidas e compartilhar com o próximo a minha felicidade”.
“Agradeço a Deus por todos os benefícios que me tem feito no decorrer da vida, especialmente a graça de ter uma filha freira, que atualmente está entre as religiosas de Bauru, a irmã Olivia”.
A Madre Olivia Santarosa, que faleceu há poucos anos, a quem o agricultor se refere, foi um importante nome na Educação do Estado de São Paulo e uma figura notável na igreja católica brasileira.
“E vendo Pirajuí, hoje como se encontra, me lembro do amontoado de casas que era quando aqui cheguei em 1911. E se algum mérito eu tenho, foi o de ajudar a desbravar o sertão daquela época”.
Luiz Santarosa
“E me sinto confortado, porque sei que ajudei um pouco no progresso e no desenvolvimento de nossa cidade”.
Luiz Santarosa faleceu pouco mais de uma década após essa homenagem, em 1974, aos 78 anos. A família que ele tanto se orgulha é numerosa – e muito querida em Pirajuí.
De dois casamentos que o agricultor teve, nasceram os filhos: Antonio, Mercedes, Olivia, Armando, Ivo, Alcina, Conceição, João, Aparecida e, a caçula, Maria Vitória, que é uma amiga e valorosa colaboradora deste site.
Essas foram as lindas palavras de um dos bravos homens que lutaram pela construção dessa cidade, que hoje este blog adora homenagear!
Ercília Maria Carlota Briti
28/06/2020 — 13:05
Fiquei muito orgulhosa e emocionada de ler essa passagem da vida do Sr Luiz Santarosa.Eu o conheci numa de minhas idas a Pirajui, com meu marido Celso Raphael Briti , em visita a sua familia e é um prazer imenso fazer parte de sua familia.
funcionário Marcelo
29/06/2020 — 15:58
Obrigado pela leitura e pelas palavras, Ercília!
Keilizie Santaroza
20/11/2020 — 22:38
Primeiramente fiquei muito emocionada ao ler este artigo sobre meu bisavô Luiz Santarosa !! E gostaria de parabenizar o blog pelo resgate desse belo acontecimento.
Obrigada !
Rafaela Vital
29/12/2020 — 18:29
Linda homenagem!
Milena
30/12/2020 — 13:59
Espero poder ser um pouquinho do que ele foi.
Homem de fe e bondade inigualáveis!
Descanse em paz vô!