Bar da Palmira foi um famoso e longevo estabelecimento comercial que era conduzido por uma figura extremamente carismática (a senhora que dava nome ao bar) e seus familiares.

Palmira Porcino dos Santos, faleceu aos 78 anos, ainda na década passada, em 2003 (agradeço à sua nora, Zenaide Camargo pelas informações).

Com sua morte, Pirajuí perdeu uma figura clássica de sua cultura popular. Palmira foi proprietária durante 13 anos do Bar São João, também conhecido como Bar da Tia, localizado na Rua 7 de Setembro, ao redor do Jardim dos Turcos, onde hoje se está uma das lojas do Caê Móveis.

Certamente eu não sou o primeiro a afirmar que todo bar é um ponto propício à construção da história de uma cidade. No caso do Bar da Palmira, ficam as memórias da camada mais simples da sociedade pirajuiense, dos trabalhadores que se sentavam ao final do dia para uma cerveja, dos funcionários do comércio que ali lanchavam e, é claro, dos eternos bebuns da vida.

As histórias do Bar da Tia

No início dos anos 2000 (note que a Folhinha na parede marca 2001), tive a oportunidade de me sentar e conversar com o dona Palmira. Na ocasião ainda fizemos (eu e meu primo Leo Cipriani) essa fotografia que ilustra o post.

Saca só este bar: em suas mesas já beberam Mussum (Os Trapalhões) e até o jogador Garrincha – segundo Palmira um dos clientes que mais entortou o copo.

O local era tão freqüentado e querido pelos homens da região que as esposas ficavam o tempo todo escondidas nas árvores do Jardim dos Turcos só pra saber “o que que há de tão interessante assim no famoso Bar da Palmira”, ela brincou.

O índio e o perigoso

Certo dia entrou no bar lotado um sujeito com feições indígenas, fortão e todo valentão: “Quem daqui é homem bastante para brigar comigo? Não tem um aqui dentro!”. Precavida, Palmira não pensou duas vezes, saiu do bar e viu que na rua de cima passava um sujeito cujo apelido era Perigoso.

Gritou: “Perigoso! Perigoso, desce aqui!”, chamando o desavisado rapaz.

Enquanto isso, o índio não quis saber de confusão com um sujeito daquele e saiu correndo, com medo só do nome do cabra.

Foi quando chegou o tal Perigoso, raquítico, “Que foi Dona Palmira?”, e ela “Eu te chamei para bater num rapaz, mas ele já fugiu!” e o coitado “Pelo amor de Deus, Dona Palmira, me chamam de Perigoso só no futebol, o índio ia me moer na porrada”!

Numa Pirajuí machista e conservadora, Palmira comandou um estabelecimento comercial por mais de uma década e encarou praticamente sozinha todo tipo de preconceito e dificuldade. Para homenageá-la, nada melhor que deixar registrada uma das infinitas histórias do Bar da Tia Palmira.

Esse artigo foi publicado (com modificações) no semanário O Alfinete quando da morte de Palmira  

 

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